Testemunhas divergem sobre detonação em mina no dia do rompimento em Brumadinho

Da Redação
24/06/2019 às 20:04.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:14
 (Daniel Protzner/ALMG/Divulgação)

(Daniel Protzner/ALMG/Divulgação)

O horário exato de detonação de explosivos na mina Córrego do Feijão, em Brumadinho, no dia do rompimento da barragem, foi ponto de divergência em dois depoimentos na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Nesta segunda-feira (24), Eiichi Pampulini Osawa, mecânico de mineração da empresa Sotreq, e Edmar de Rezende, aplicador de explosivos da Vale, foram ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para apurar o trágico evento.     

A detonação, realizada em um local que fica a aproximadamente 1,4 km da barragem, teria ocorrido entre 12h20 e 12h40, confirme Osawa, que não precisou se a explosão aconteceu antes, durante ou depois do rompimento. Já Rezende afirmou que a detonação foi às 13h33, cerca de uma hora após o evento.

De acordo com o aplicador de explosivos da Vale, foi ele mesmo quem tomou a decisão pela detonação, uma vez que não era mais viável retirar os explosivos instalados e seria perigoso deixá-los lá. Além disso, o chefe imediato de Edmar de Rezende havia morrido no rompimento. 

O profissional ainda teria gravado tudo pelo celular para provar o horário em que a ação foi realizada. O vídeo foi apresentado aos deputados da comissão. Já Eiichi Osawa não soube precisar o horário, mas disse que estava de frente para o local da explosão.

Concordância

As duas testemunhas disseram que nunca tiveram acesso às advertências do relatório da empresa Tüv Süd de que não deveria ocorrer detonação ou movimentação de máquinas pesadas na área próxima à barragem B1. 

Ambos também afirmaram que as detonações na Mina de Jangada (no mesmo complexo minerário) eram "quase diárias", enquanto que em Córrego do Feijão ocorriam uma vez por semana, aproximadamente.

Ofício

Frente aos relatos, os integrantes da CPI decidiram enviar ofício à Vale solicitando a lista de detonações realizadas nas minas nos meses de dezembro de 2018 e janeiro de 2019, com o registro das cargas explosivas utilizadas. Outro requerimento é relativo ao fornecimento de vídeos de detonações ocorridas em 25 de janeiro.

Um terceiro convocado para depoimento nesta segunda, conforme a ALMG, era Denis Valentim, funcionário da empresa Tüv Süd, contratada pela Vale para avaliar e atestar a estabilidade de barragens. 

Ele seria ouvido pela CPI como investigado, mas não compareceu com base em uma decisão liminar do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que lhe concedeu um habeas corpus.

Por meio de nota, a Vale afirmou que ocorrência de detonações é inerente às atividades de mineração. "No relatório emitido pela TUV SUD em junho/18, não existe a recomendação expressa de paralisação das operações das minas. Essas detonações, portanto, eram realizadas de forma monitorada na cava das minas de Córrego do Feijão e de Jangada, estando de acordo com as recomendações da auditoria.A legislação não estabelece distância mínima. Se houvesse necessidade de interromper as operações nas minas de Córrego do Feijão e de Jangada, isso teria sido recomendado pela auditoria", disse a mineradora.

Fonte: ALMG

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