Reajuste de 16,6%

Trabalhadores em BH temem que aumento na tarifa de ônibus gere demissões

A prefeitura anunciou reajuste na tarifa de R$ 4,50 para R$ 5,25, a partir desta sexta-feira (29).

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
27/12/2023 às 11:16.
Atualizado em 27/12/2023 às 12:27
 (Valéria Marques / Hoje em Dia)

(Valéria Marques / Hoje em Dia)

Antes mesmo de entrar em vigor, o aumento de R$ 0,75 no valor da passagem de ônibus em Belo Horizonte já provoca medo de demissão em trabalhadores. O reajuste da tarifa, que salta R$ 4,50 para R$ 5,25, foi anunciado na noite de terça-feira (26) e começa a valer a partir desta sexta-feira (29). 

A técnica de enfermagem Elisângela Aparecida Batista, 43 anos, mora em Mário Campos, na região metropolitana, e trabalha na capital. Pega quatro ônibus diariamente para ir e voltar. Segundo ela, o benefício custa cerca de R$ 800 por mês para a empresa e, com o aumento, teme ser demitida.

(Valéria Marques / Hoje em Dia)

(Valéria Marques / Hoje em Dia)

“A primeira coisa que o empregador olha ao contratar uma pessoa é a passagem. No meu caso, utilizo quatro por dia. Para arrumar um serviço em BH fica mais difícil”, explica a profissional de enfermagem. 

Regina Lúcia, 40, trabalha na Praça Sete, no Centro da capital, com compra e venda de ouro. Ela conta que a atividade é um bico, mas no momento é sua única fonte de renda, e já foi avisada que pode ser dispensada. “Meu patrão falou que vai esperar para ver como será a rotina da empresa com o aumento, mas adiantou que se apertar vou ter que sair de lá. A gente fica com medo né. É um bico mas é meu único sustento”, teme a trabalhadora. 

A Prefeitura de BH anunciou ontem o reajuste na tarifa de R$ 4,50 para R$ 5,25, a partir desta sexta-feira (29). O aumento em relação ao preço atual é de 16,6%. O Executivo alega que a tarifa está congelada desde 2018 e que o reajuste é necessário para melhoria gradual dos serviços. Mesmo com o aumento, no ano que vem a PBH deverá pagar novo subsídio às empresas de ônibus.

Reação

Francisco Maciel, presidente da Associação dos Usuários de Transportes Coletivos da Grande BH (AUTC), avaliou que o reajuste causa temor de demissão e que o anúncio foi uma “apunhalada nas costas”. "O medo de demissão é real e já tivemos demissões com índices menores de reajuste.O prefeito tinha dito aos usuários que, se tivesse reajuste, seria pouco. Mas como ele justifica esse aumento três vezes maior que a inflação e em um período em que as empresas receberam subsídio?”, enfatizou Maciel, informando que vai acionar o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) contra o aumento.

Em nota enviada à imprensa, o presidente da Câmara Municipal de BH, vereador Gabriel (sem partido), criticou o reajuste. "Tem meses que eu alerto que o Prefeito queria fazer um aumento da tarifa às escondidas. Ele disse que era bobagem. Agora, a PBH anunciou que o valor da tarifa será de R$5,25 e começará a valer já sexta, 29. O Prefeito fala em aumento da tarifa para aliviar os próprios cofres, mas nunca fala em aumento da qualidade do transporte. Atitude de quem tem medo de transparência. Se um projeto de resolução for a saída para exigir a apresentação de um plano de qualidade, o Poder Legislativo não faltará em cumprir sua função", informou.

A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de BH e aguarda retorno.

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