Ancestralidade valorizada

Iepha e UFMG farão dossiê para salvaguardar língua do povo indígena Maxacali

Da Redação*
portal@hojeemdia.com.br
02/10/2023 às 07:29.
Atualizado em 03/10/2023 às 17:56
O povo indígena se concentra em aldeias nas cidades de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni. (Espaço do conhecimento/UFMG)

O povo indígena se concentra em aldeias nas cidades de Santa Helena de Minas, Bertópolis, Ladainha e Teófilo Otoni. (Espaço do conhecimento/UFMG)

Único povo indígena de Minas que mantém a língua materna, com vida dinâmica no Vale do Mucuri, os Maxacalis vão ganhar importante reconhecimento. Um dossiê para o plano de salvaguarda dos conhecimentos ancestrais será elaborado pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas (Iepha), em parceria com a UFMG. O objetivo é fazer um inventário das referências culturais da etnia para que posteriormente sejam declaradas Patrimônio Cultural Imaterial do Estado. 

Os trabalhos de pesquisa, sensibilização em cidades próximas das aldeias, produção de peças e um filme, devem durar três anos. Os recursos para a realização do projeto - único contemplado no Brasil e um dos cinco na América Latina - são provenientes do Fundo dos Embaixadores dos EUA para a Preservação Cultural. Uma das estruturas fundamentais no projeto, a Escola de Música da UFMG recebeu aporte de R$ 915 mil.  

Além da preservação da língua nativa, o trabalho visa valorizar as músicas das cerimônias, o artesanato e as técnicas de agricultura, pescaria e caça. O primeiro passo será o desenvolvimento de estudos e ações de proteção dos costumes, por meio da identificação e documentação dos sistemas de conhecimentos ancestrais da comunidade, o que deverá ser organizado de forma colaborativa. 

Onde

O povo indígena se concentra em quatro principais áreas do território mineiro: nas aldeias de Água Boa, no município de Santa Helena de Minas; em Pradinho e Cachoeira, no município de Bertópolis; em Aldeia Verde, no município de Ladainha, e no distrito de Topázio, em Teófilo Otoni.
 
Representantes das aldeias de Água Boa e Pradinho celebraram. Sueli Maxakali ressaltou a importância da preservação dos conhecimentos ancestrais de seu povo. “Estou muito feliz. É meu sonho preservar a ‘memória viva’ dos nossos antepassados e transmiti-la às nossas crianças”, disse.

O sentimento de reparação foi compartilhado por Marilton Maxakali, que atua como professor de crianças e jovens na aldeia. “Ao longo dos anos, perdemos muitas coisas. Foram muitos assassinatos dos nossos parentes; levaram muitos conhecimentos e sabedoria. Temos agora a esperança de ter tudo de volta”, destacou.

Coordenador geral do projeto e professor da Escola de Música, Eduardo Pires Rosse ressaltou que a iniciativa enfrentará o “processo de ‘desertificação’ do povo Maxakali, desde a colonização do nosso país”. Ele acrescentou que, apesar do contexto histórico, “os povos Maxakalis resistem com seu vasto patrimônio. Nós temos muito a aprender com eles nesse diálogo”.

Entrega
A expectativa é que, até 2026, o estudo seja apresentado ao Conselho Estadual de Patrimônio Cultural (Conep), do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG), para o registro como Patrimônio Cultural Imaterial do Estado.

* Com informações do Iepha, Agência Minas e UFMG

Leia mais:

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por