Sem dor

UFMG testa adesivo capaz de substituir agulha na aplicação de vacina

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
06/07/2023 às 15:24.
Atualizado em 06/07/2023 às 15:55
 (Lídia Andrade / UFMG)

(Lídia Andrade / UFMG)

Adesivos de pele com potencial de substituir seringas para aplicação de vacinas são testados por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O dispositivo utiliza microagulhas para transferir a substância imunizante sem provocar dor, o que pode facilitar a imunização de crianças e de pessoas que tenham medo de agulhas e injeções. O trabalho é desenvolvido em conjunto com outras instituições.

Segundo a UFMG, as microagulhas são compostas por moléculas, chamadas polímeros, usadas em aplicações biomédicas. Cada unidade tem 700μm (micrômetro) de altura por 200μm de largura. A pesquisa ainda vai passar pela etapa de ensaios pré-clínicos, in vitro e in vivo para avaliar a eficácia e se existem efeitos adversos, como irritação ou inflamação.

O estudo conta com a participação de pesquisadores do Laboratório de Biologia Celular do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, sob coordenação do professor Guilherme Mattos Jardim Costa, do Departamento de Morfologia.

Residente pós-doutoral no laboratório, Lídia Maria Andrade conta que os pesquisadores foram convidados a colaborar testando a segurança toxicológica das microagulhas.

Ela conta que os testes utilizam células de pele humana, de fígado de camundongo e de rins de macaco.

“Um dos testes, in vitro, é o de citotoxicidade, em que a gente expõe um grupo de células às microagulhas e avalia se elas estarão viáveis ou vão parar de crescer. Em uma outra experiência, in vivo, nós avaliamos se a pele do camundongo fica irritada, se vai haver inflamação no local ou não, se apresenta alteração morfológica em decorrência da aplicação da microagulha”, detalha a pesquisadora.

No fim, são avaliados fragmentos de fígado e rim para verificar a ocorrência de algum problema sistêmico. Também são feitos testes bioquímicos com amostras de sangue para avaliar as funções renal e hepática dos animais.

Resultados

De acordo com Lídia Andrade, os estudos iniciais são animadores. “Na microscopia de fluorescência, por exemplo, conseguimos ver que as microagulhas foram capazes de liberar muito rapidamente, em aproximadamente uma hora, todo o conteúdo que carregavam”, comemora.

Ela conta ainda que os pesquisadores também identificaram que a pele animal não fica irritada, o que indica que não existe toxicidade capaz de provocar reações adversas. 

Os testes devem continuar pelo menos até 2025, segundo a pesquisadora. Ainda assim, ela destaca que, com os resultados obtidos até agora e o fato de a avaliação da função hepática não mostrar alteração significativa, sugere que o método proposto para imunização é “promissor”.

As microagulhas estão sendo desenvolvidas pela startup Microneeds com uma rede de cientistas parceiros das universidades Federal do ABC (UFABC), Federal do Espírito Santo e Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/USP) .

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