Veto a táxis em faixa exclusiva para ônibus prejudica passageiro

Letícia Alves - Hoje em Dia
29/07/2014 às 07:24.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:33
 (André Brant)

(André Brant)

Desafio para quem precisa do serviço, prejuízo para os taxistas. Impedidos de trafegar nas faixas exclusivas para ônibus nas avenidas Pedro II (Noroeste de BH) e Augusto de Lima (Centro), até mesmo para pegar passageiros, motoristas reclamam do veto.

Sem lugar certo para parar, os veículos disputam espaço com os ônibus. Passageiros, por sua vez, têm que procurar locais onde é permitido embarcar.

No caso da Pedro II, a tentativa de utilização das vias perpendiculares nem sempre é bem-sucedida, uma vez que muitas ruas são contramão e outras tiveram acessos fechados.

Quem desrespeita o veto corre o risco de causar acidentes e de ser multado. O acesso é permitido apenas nos pontos tracejados, o que nada resolve para os taxistas, já que a maior parte permite apenas entrada para outras ruas, que podem ficar até três quilômetros distante do destino do passageiro.

O taxista Eduardo Ferreira Silva, de 59 anos, já recusou muitas corridas em vias com faixa exclusiva para ônibus. Para ele, não compensa levar uma multa por uma corrida de R$ 12 a R$ 15. “Você não pode parar para pegar um passageiro. Isso é aqui e na Augusto de Lima”. Para ele, o táxi deveria ter acesso às faixas. “O táxi é um transporte público e está sendo tratado como um meio qualquer”.

O colega de profissão João Leite Filho, de 50 anos, também não arrisca pegar passageiros na pista de ônibus. “Já vou pela faixa da esquerda para não ter jeito de parar na exclusiva. O risco é grande porque os coletivos andam em alta velocidade. Depois disso aí, está tendo muito acidente”, conta o taxista. Mesmo com todos os riscos, há quem não se importe de entrar nas faixas de ônibus. O taxista Jackson Marques Pereira já levou três multas, no valor de R$ 127,69. “Eu entro mesmo, não tem jeito. Quando colocarem radar, não vai ter como”.

Pedido

De acordo com o presidente do Sindicato dos Taxistas de Belo Horizonte, Ricardo Faedda, foi enviado um ofício à prefeitura solicitando a inclusão do acesso aos táxis nas faixas exclusivas. Ele afirma não ser possível calcular os prejuízos da categoria, mas adianta que houve perda de receita para quem atua na região. “As faixas exclusivas excluíram o táxi de um direito que já era dele. Nós queremos que se mantenha esse direito e estamos lutando para isso”, disse Faedda.

Segundo a BHTrans, não há previsão de liberação de pontos de táxi ao longo da avenida, e o serviço deve seguir as mesmas regras dos veículos de passeio. A expansão do sistema que privilegia o transporte coletivo está em curso em toda a cidade. Há um projeto de mudança da faixa preferencial da avenida Amazonas para faixa exclusiva. Também há estudos para a avenida Raja Gabaglia e a rua Padre Eustáquio.

Lojistas já registram queda nas vendas

O empresário Leonardo Campos, de 26 anos, já desistiu de tentar pegar táxi na Pedro II. Além da dificuldade de utilizar o meio de transporte, ele calcula uma diminuição de 60% das vendas da sua loja de pneus, localizada na avenida, por causa da dificuldade dos clientes estacionarem no local.

“Aqui é muito difícil um táxi parar, depois da implantação das faixas exclusivas. Os clientes também não conseguem estacionar. Meu movimento praticamente acabou”, disse.

Já Alan César Barradas, de 31 anos, conta que tem muitos clientes que vão de táxi e desistem de levar as compras na loja de texturas e grafiato. O estacionamento ao lado do comércio quase não é mais utilizado. “É até perigoso invadir a faixa para entrar no estacionamento. O comércio do lado do meu já fechou. As vendas caíram muito”, afirmou.
 

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