Cuidado, pode atacar

VÍDEO: lontra é vista nadando na Pampulha; registro é raro e animal está em extinção em Minas

Raquel Gontijo
raquel.maria@hojeemdia.com.br
01/08/2023 às 12:53.
Atualizado em 02/08/2023 às 10:42
 (Reprodução / Arquivo pessoal)

(Reprodução / Arquivo pessoal)

Uma lontra foi vista nadando na Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, na manhã desta terça-feira (1º). Espécie ameaçada de extinção em Minas, o mamífero foi encontrado próximo ao Museu Casa Kubitschek. O animal, que é carnívoro e vive em água doce, pode estar “morando” no local há pelo menos 10 dias.

O flagrante inédito foi enviado ao Hoje em Dia pelo coronel aposentado da Polícia Militar Matuzail Martins da Cruz. À reportagem, o militar, que também é da associação de moradores da Pampulha, contou que viu o bicho pela primeira vez há pouco menos de duas semanas, também pela manhã. 

“A primeira vez que eu vi não consegui identificar direito que bicho era. Dessa vez consegui me aproximar e vi que era uma lontra. Ela saiu para respirar e mergulhou algumas vezes depois”.

Apesar de ter descrito o visitante como “inusitado”, o militar aposentado diz estar preocupado com a segurança do animal e dos frequentadores da região, já que foi visto próximo à pista de caminhada na orla.

Por que na Lagoa?

Segundo Adriano Paglia, professor de Ecologia do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), essa não é primeira vez que uma lontra é avistada no cartão-postal de BH. Outros integrantes da mesma espécie, que está na lista de animais ameaçados de extinção pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), foram vistos em outras duas datas, no fim da década de 1990 e em 2017.

Para o professor, a hipótese mais provável é que o animal tenha chegado até a lagoa da Pampulha levado por um curso d'água ou  caminhando pela vegetação com acesso ao reservatório, mas que é necessário investigar o caso para afirmar.

O docente explica, também, que a lontra é uma espécie solitária e que só é vista em bando em períodos de reprodução. O professor destaca que a lontra não representa nenhum desequilíbrio no ecossistema ou risco a outros “moradores” da lagoa, como capivaras e jacarés.

Apesar de estar em um ecossistema favorável, com alimentação propícia, Paglia ressalta que a lagoa da Pampulha é um ambiente degradado e poluído.

“Muitos córregos não tratados, com resíduos industriais, contaminados com metais pesados e outros poluentes despejam no reservatório. Esse animal pode se contaminar tanto pela água, quanto pela alimentação, comendo peixes e moluscos”, alerta o especialista.

Ainda assim, o professor da UFMG diz que, apesar das condições, a remoção do animal da lagoa não é necessária.

“Não é caso de uma intervenção. É provável que ela esteja bem de saúde e possa sair do reservatório através de outros cursos d'água ou vegetação”, afirma o ecologista. 
 
O docente orienta que nenhum frequentador ou visitante da orla deve se aproximar ou alimentar a lontra. A espécie é arisca e pode atacar uma pessoa caso se sinta acuada. 

Em nota a prefeitura de BH também afirmou que já foram registradas presenças de lontras no local e que a Lagoa da Pampulha é um ecossistema aberto que permite a entrada e saída desses animais, que geralmente se deslocam em busca de alimento e locais para reprodução. 

A prefeitura reforçou a recomendação de que as pessoas não cheguem perto do animal.

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