
Passada a tragédia, mas ainda em meio à tristeza dos que perderam tudo, os moradores atingidos iniciaram as negociações para a reconstrução de Bento Rodrigues. Eles jamais arredaram o pé para algumas exigências.
Continuar juntos na nova comunidade, morar em um terreno próximo a Mariana, com terra de boa qualidade e água em abundância para plantar e criar animais, eram alguns dos pontos defendidos.
Apesar de seis vezes maior que a antiga área de Bento – que tinha cerca de 50 hectares –, o novo terreno não será totalmente ocupado pela população. Segundo o coordenador da Samarco do processo de reconstrução das comunidades, Alexandre Pimenta, somente 55 hectares deverão abrigar as novas construções, neste primeiro momento.
“Haverá espaço para se expandir a comunidade em um futuro”, diz. Ele justificou que o restante do terreno tem matas nativas e de preservação permanente. Mais uma vez, assim como a empresa tem feito, Pimenta evitou dar detalhes de como será a reconstrução. Conforme o responsável pelo reassentamento, “tudo ainda será objeto de discussão com os moradores e Ministério Público”.
O cadastro das famílias para saber como eram as construções e as demais áreas das casas, como terreiros e quintais, já foi iniciado. Nesta semana começa outro levantamento, a chamada “pesquisa de expectativa”. Nela, serão colhidas informações sobre costumes, festas e formas de convivência.
“Faremos reuniões com grupos de até 50 pessoas. O resultado desses dados consolidados será apresentado no dia 17”, diz Alexandre Pimenta. Segundo ele, a empresa pretende trabalhar para entregar o mais rapidamente possível a obra definitiva. “Porém, ainda temos que definir o projeto e buscar as licenças ambientais”.
Prazo é de três anos
A construção do novo Bento Rodrigues, conforme o acordo firmado entre a União, os governos de Minas e Espírito Santo e moradores, tem o prazo de até três anos para ser finalizada. Outros pontos do documento, no entanto, seguem sendo alvo de constantes divergências. Na última semana, o Ministério Público Federal (MPF) pediu a suspensão da homologação judicial do documento firmado. Para o órgão, há omissões e contradições no material. Segundo o MPF, valores já gastos em 2016 não podem ser abatidos do pagamento de R$ 2 bilhões determinados anteriormente pela Justiça Federal.
União avalia retorno da Samarco
Quem também já manifestou várias vezes que o acordo precisa ser revisto é o prefeito de Mariana, Duarte Júnior. Para ele, as perdas financeiras da cidade precisam ser consideradas. Na última quarta-feira, ele esteve em Brasília com o presidente da República em exercício, Michel Temer, para falar sobre a queda na arrecadação do município após a paralisação das atividades da Samarco. O administrador defende a volta da operação da mineradora. Temer marcou uma reunião com o governador de Minas, Fernando Pimentel, para analisar o retorno dos trabalhos da empresa na cidade.
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