
O segredo da receita, um clássico da cozinha italiana, vem da massa: redonda, fininha e crocante. Mas o grande trunfo da famosa pizza, que conquistou o mundo pelas mãos dos napolitanos, está no recheio. De carne, frango, frutos do mar ou vegetariano, é verdadeiro curinga na culinária brasileira.
Unanimidade entre os mineiros, que deram ao prato típico do país da bota lugar cativo nas refeições de fim de semana, principalmente, a receita ganha variações surpreendentes em estabelecimentos que se dedicam, há anos, a servi-la com maestria.
Velha conhecida dos belo-horizontinos, a Pizza Caraíva, no bairro Anchieta, Zona Sul da cidade, faz jus à fama conquistada ao longo de 30 anos. Batizadas com nomes de bandas e músicos, as receitas 100% autorais transitam do clássico ao inusitado sem perder a essência da massa sem ovo nem leite.
Tem de presunto de Parma com geleia de damasco (Motörhead), uma das favoritas da clientela e que leva também queijo Minas; abobrinha italiana com queijo brie (Eric Clapton), e mix de cogumelos (Sepultura).
Democrática
A ideia, diz a proprietária Alessandra Haiat, mulher do chef da pizzaria – José Scotini, mais conhecido como Zé Mu –, é prezar pela democracia e originalidade. “A massa é a mesma de 32 anos, mas os recheios são variados para agradar todo mundo. A gente costuma dizer que a pizza Caraíva é tão leve que dá para jantar e sair para dançar”, brinca.
Sucesso há 32 anos em BH, Pizza Caraíva mantém receita de massa criada pelo dono do estabelecimento
Para vegetarianos e veganos não faltam opções deliciosas, como a Black Sabbath (mussarela vegana, champignon, escarola, semente de girassol e geleia de damasco) e outras oito que completam o time sem ingredientes de origem animal.
Velho conhecido dos mineiros, o chef Eduardo Maya é outro que escolheu, há um ano, se dedicar à “pizza de verdade”, como define as receitas inspiradas na Itália. Sabor e preço justo são fundamentais, diz ele, proprietário da Pitza 1780.
A qualidade da massa é fundamental. Precisa ser maturada, assim como o queijo artesanal, para ficar não só saborosa, mas leve”, define o chef, que comanda também uma escola de pizzaiolos na Savassi e cuja assinatura passa por ingredientes mais tradicionais como margherita e a brasileiríssima pesto de baru, recheio que leva a castanha do Cerrado.

Receitas da Pitza 1780, do chef e pesquisador Eduardo Maya, reproduzem conceito da especialidade italiana: tradição e preço justo
Experimentações rendem variação de sabores e diversificação do cardápio para a clientela
Destino obrigatório no bairro Santa Tereza, região Leste da capital, a Parada do Cardoso criou uma receita infalível para fisgar a clientela. É na inusitada combinação entre tradição e novidade que a casa aposta para criar parte dos 80 sabores servidos no estabelecimento, aberto 22 anos atrás.
Uma das proprietárias do restaurante e diretora operacional da pizzaria, Luciane Carvalho diz que as ideias surgem naturalmente, a partir de experiências vivenciadas pela família. O único ingrediente que, segundo ela, permanece inalterado, é a massa, desenvolvida pelo precursor do negócio, pai dela, André Luiz Carvalho.
“Há mais de duas décadas, meu pai começou a testar massas de pizza. Fazia e dava para a família inteira experimentar. Quando alcançou a receita perfeita, aprovada por todo mundo, falou: ‘vou abrir uma pizzaria’”, conta Luciane, relembrando a origem do negócio, que virou uma espécie de cartão-postal do bairro boêmio.
Exóticas
Quem visita o local pela primeira vez pode até se espantar num primeiro momento ao abrir o cardápio. Além de sabores tradicionais, como quatro queijos, à moda, calabresa e marguerita, só para ficar em alguns exemplos, o menu ostenta receitas diferentonas como a cataluña, que desperta o estômago assim que chega à mesa.
Novidade recém-saída do forno, lançada este ano, a pizza com nome espanhol leva molho ao sugo, mussarela, geleia de damasco, tâmaras, fue catalan (linguiça feita de paleta suína), jámon serrano (presunto cru típico da Espanha) e flor de cebola roxa com redução de aceto balsâmico e mel.
“É maravilhosa! Parece uma mandala”, descreve Luciane.
Reprodução de pratos
Completam o time da categoria “exóticas” pelo menos outras 30 receitas com ingredientes inusitados para o prato italiano. Dentre elas, estão a queridinha nordestina (mussarela, carne de sol, cebola, cebolinha, catupiry e orégano), porconóbis (costelinha de porco, linguiça calabresa, ora-pro-nóbis e pimenta biquinho), além de criações baseadas em pratos já tradicionais na mesa do brasileiro, como salmão ao maracujá, fricassê, bacalhau e filé ao gorgonzola.
“Se alguém comenta que comeu alguma coisa gostosa, um estrogonofe, por exemplo, a gente já pensa: ‘será que fica bom na pizza?’. Ou se um amigo diz que cozinhou um prato que ficou bacana, já nos dá ideia. Testamos e experimentamos na massa e, se funcionar, vai para a mesa”, revela Luciane.
Além disso:
A pizza que comemos hoje, com massa redonda e cobertura de tomate e queijo, surgiu em Nápoles, no Sul da Itália, no século 18. Mas foi bem antes disso, no Egito, que a receita do disco fino assado no forno nasceu.
Segundo registros históricos, a invenção, batizada “pão de Abrahão”, já era consumida por hebreus e egípcios 6 mil anos atrás. Consumido também pelos turcos, nas Cruzadas, o pão fino e redondo teria chegado ao porto de Nápoles, onde a técnica foi aperfeiçoada com trigo e queijo. O tomate só foi incorporado à receita no século 16, nas Américas. Já a popularização do invento veio anos mais tarde, com o fim da 2ª Guerra Mundial, pelas mãos dos norte-americanos.
Em dezembro do ano passado, a Arte dos Pizzaiolos Napolitanos foi declarada Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. Foi a primeira vez que a arte de fazer um alimentou ganhou a honraria. Atualmente, cerca de 3 mil pizzaiolos vivem na região italiana, onde repassam conhecimento e habilidades aos mais jovens. A campanha pelo título napolitano durou oito anos e foi aprovada por unanimidade.
Quer comemorar o Dia da Pizza, celebrado em 10 de julho, em grande estilo?
Preparamos um roteiro com algumas das melhores pizzarias de BH para degustar uma (ou muitas!) bela fatia! Buon appetito!!!
- Auguri Pizzaria & Forneria / Rua Alabastro, 38 - Santa Tereza
- Domenico Pizzeria e Trattoria / Rua Cláudio Manoel, 583 - Funcionários
- Koctus Pizza / Rua Santa Catarina, 656 - Lourdes
- La Vera Pizza Italiana / Rua Pium-í, 784 - Cruzeiro
- Marilia Pizza Bar / Rua Marília de Dirceu, 226 - Lourdes
- Parada do Cardoso / Rua Dores do Indaiá, 409 - Santa Tereza
- Pizza Caraíva / Rua Itapema, 19 - Anchieta
- Pizza no Galpão / Avenida Francisco Sá, 281 - Prado
- Pizza Sur / Rua da Bahia, 1764 - Lourdes // Rua Levindo Lopes, 96 - Anchieta // Rua Vitório Marçola, 136 - Anchieta
- Pizzarella / Avenida Cônsul Antônio Cadar, 122 - São Bento
- Pizzaria Forno D' Barro / Avenida Guarapari, 1413 - Santa Amélia
- Pizzaria Olegário / Avenida Prudente de Morais, 520 - Cidade Jardim // Avenida Olegário Maciel, 1748 - Lourdes // Avenida Presidente Antônio Carlos, 7456 - São Luiz // Rua Lavras, 150 - São Pedro // Alameda Oscar Niemeyer, 405 - Vila da Serra (Nova Lima)
- Prima Napoletana / Mercado da Boca - Av. Toronto, 156 - Jardim Canadá (Nova Lima)