Moradores se mobilizam em defesa do Santa Tereza

Lucas Simões
16/05/2019 às 21:24.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:41
 (Carlos Rhienck/Arquivo Hoje em Dia)

(Carlos Rhienck/Arquivo Hoje em Dia)

Com as mudanças incorporadas ao projeto do Plano Diretor de Belo Horizonte na semana passada, moradores do Santa Tereza irão propor à Câmara dos Vereadores que a região conhecida como Vila Dias seja incorporada à Área de Diretrizes Especiais (ADE) do bairro, como forma de proteger a localidade de eventuais ocupações verticais.

Em audiência pública realizadanessa quinta-feira (16), no Cine Santa Tereza, pelo menos sete vereadores se comprometeram a sugerir a mudança, antes de o Plano Diretor ser analisado em Plenário.

A polêmica da vez gira em torno de uma possível descaracterização que o Santa Tereza poderia sofrer, a partir do substitutivo apresentado pelo vereador Jair di Gregório (PP), na Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, na última sexta-feira.

A nova redação exclui uma área conhecida como Chapéu de Napoleão – que engloba a Vila Dias e a Vila São Vicente, próximo à rua Conselheiro Rocha – da ADE do Santa Tereza. É a ADE que garante uma série de restrições ao bairro, como controle de tráfego pesado e limite para construções comerciais.

Na prática, com o novo texto do Plano Diretor, a região do Chapéu de Napoleão seria atrelada à ADE do Arrudas — </CW><CW-35>que nem sequer foi regulamentada por lei. Para a subsecretária de Planejamento Urbano, Izabel Dias de Oliveira Melo, a nova redação do Plano Diretor não prejudica a ADE do Santa Tereza.

“Continua havendo restrições. Esse discurso de que caiu limitação de área é mentira. A ADE do Santa Tereza está mantida, não muda nada. Havia a previsão de incorporar a Vila Dias à ADE do Santa Tereza, mas isso não é feito pelo Plano Diretor”, justificou a subsecretária.

A V Conferência Municipal de Política Urbana, realizada em 2018, estabeleceu que a Vila Dias e a Vila São Vicente seriam incorporadas à ADE do Santa Tereza, justamente por fazerem parte do bairro, em uma demanda histórica pela proteção de uma área que não tem grandes construções.

Especulação

“A gente tinha essa previsão na conferência e até hoje isso não foi implantado. Agora, com o Plano Diretor, querem remover a Vila Dias do Santa Tereza. Tudo porque é uma região de alta especulação imobiliária, com bastante espaço sem construção, dentro de um dos bairros mais tradicionais da cidade”, critica a professora Karine Carneiro, integrante do movimento Salve Santa Tereza.[/TEXTO]

Um dos receios dos moradores é que o antigo Projeto Praça da Cidade, que prevê a construção de duas imensas torres na Vila Dias, cada uma com 23 andares em uma área construída de 100 mil metros quadrados, possa ganhar força, caso a região do Chapéu de Napo-leão não seja integrada à ADE do Santa Tereza. 

Para ser viabilizado, o projeto, encabeçado pela construtora PHV Engenharia, em parceria com o escritório FarKasVolGyi, a NGR Empreendimentos e a Aliansce Shopping Centers, precisa ser aprovado pela Câmara através de uma Operação Urbana Simplificada (OUS).

“Se a Vila Dias estiver na ADE de Santa Tereza, os empresários terão dificuldades para passar esse projeto das torres. Com certeza teria um impacto em todo o bairro, com maior fluxo de carros, mudanças em vias e até previsão de construção de um viaduto”, disse Pedro Barros, presidente da Associação Comunitária de Santa Tereza (ACST).

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