Números do saneamento sob diferentes perspectivas

Hoje em Dia
30/11/2013 às 07:51.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:28

Não é possível por enquanto confirmar ou contestar o estudo divulgado, na sexta-feira (29), pelo IBGE. A imprensa tem mostrado, com frequência, as carências brasileiras relacionadas com o saneamento. Elas parecem incontestáveis. Imagens divulgadas pelas televisões e fotos publicadas pelos jornais e revistas falam mais do que as palavras: é preciso investir muito mais nesse setor importantíssimo para a saúde dos brasileiros.

Esclarecido esse ponto, vamos ao que afirma o estudo do IBGE, que se baseou na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2012. Ele sustenta que no ano passado 70,3% dos domicílios urbanos brasileiros tinham acesso a saneamento adequado, contra 63% em 2002, último ano do governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Acesso adequado é quando a residência se encontra ligada às redes de água e esgoto e é atendida pela coleta de lixo.

Esse aumento de 7,3 pontos percentuais, em dez anos, é muito ou pouco, dependendo da perspectiva. Para quem vive à margem do serviço público de saneamento básico, certamente é pouco. Também para os críticos do governo federal, que desde 2003 está sob o comando do PT, aliado a vários partidos, e para os empresários interessados em investir nesse setor importante da economia.

Não se pode esquecer de que empresas públicas de saneamento controladas por governos estaduais cujos partidos fazem oposição ao governo federal têm, também, responsabilidade nessa questão. Invariavelmente, essas empresas estatais afirmam que têm investido muito. Se não se vê o resultado desses investimentos, é porque encanamentos de água e esgoto ficam enterrados...

Na região Sudeste, onde se localizam Minas, Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo, 90,6% das residências nas cidades estavam ligadas, no último ano, a todos os serviços de saneamento. Na região Norte, são apenas 19,9%. Mas enquanto o percentual elevou-se em somente cinco pontos no Sudeste, em 10 anos, no Norte o aumento foi de 9,6 pontos percentuais. Melhor ainda no Nordeste – 14 pontos – embora mais da metade de suas residências não disponham de todos os serviços de saneamento.

As famílias que se sujeitam a condições insalubres são, em geral, aquelas com renda per capita de até meio salário mínimo. Em 2002, apenas 38,4% dessas famílias declararam ter acesso aos três serviços. Dez anos depois, o índice passou para 51,7%. Um aumento consideravelmente maior do que o das famílias com renda de dois salários mínimos per capita, das quais 83,6% eram atendidas no ano passado.

Sendo verdade, a população mais pobre passou a usufruir mais desses serviços, que são custeados pelos impostos pagos por todos nós. Continua muito grande, no entanto, o número dos excluídos. Há muito a ser feito por todos os governos, independentemente de suas siglas partidárias.
 

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por