Nacionais põem a mesa de natal: alta do dólar reduz participação dos importados no cardápio

Giulia Mendes - Hoje em Dia
23/11/2015 às 07:25.
Atualizado em 17/11/2021 às 03:02
 (Luiz Costa)

(Luiz Costa)

Em vez de queijos franceses, queijos da Serra da Canastra. No lugar de vez de vinhos italianos, espumantes da serra gaúcha. Para substituir as cervejas alemãs, por que não as artesanais brasileiras? Com a alta do dólar, a demanda por produtos nacionais tem crescido em delicatessens e distribuidoras de bebidas de Belo Horizonte.

No Royal Empório, por exemplo, localizado no Mercado Distrital do Cruzeiro, a saída para a queda nas vendas dos importados foi investir mais nos nacionais. “Continuamos apostando nos importados, mas reduzimos em 10% o mix destes produtos e compensamos nos nacionais”, conta o sócio-proprietário João Maurício.

O presunto parma importado foi trocado por um de produtor nacional. O queijo gruyère também foi substituído. “Ficou inviável por conta dos tributos e do transporte. Em Minas, temos grandes fornecedores do gruyère nacional com boas ofertas”, disse.

O diretor da Enoteca Decanter, que fica na Savassi, também pretende trabalhar com 10% mais que o habitual de produtos brasileiros. Segundo Flávio Morais, os fornecedores nacionais ainda não têm condições e planejamento para produzir, por exemplo, o dobro do que vendem hoje.

“Falta um planejamento maior de produção. Até abril deste ano, ninguém imaginava que a procura aumentaria tanto. Em outubro, o crescimento nas vendas dos nacionais foi superior a35% com relação ao mês anterior. Já na comparação com o ano passado, o salto passou de 55%”.

Qualidade

Para Morais, a demanda está diretamente ligada à instabilidade do câmbio e à qualidade dos vinhos. “O Brasil já produz espumantes como poucos na América do Sul. Percebe-se de imediato uma mudança no perfil do consumidor, que passa a explorar mais os vinhos brasileiros”.

Com o dólar e o euro subindo, os acordos comerciais com países da América do Sul fazem a diferença. “Alguns oferecem isenção de tarifas de importação, como a Argentina, outros somente uma redução, que é o caso do Chile”, explicou o diretor da Decanter.

Este é um dos motivos para a cerveja argentina Quilmes continuar bastante demandada na distribuidora Tonel Bebidas, que fica no bairro São Pedro. “O preço dela é quase o mesmo das cervejas similares brasileiras”, diz o gerente Rodrigo Gasparini.

Já uma garrafa de 500 ml da artesanal Vertigem, do Rio de Janeiro (R$ 22), tem mais saída do que a californiana Balastt Point de 375 ml (R$ 28), ambas do estilo India Pale Ale (IPA). “O preço da importada assusta um pouco, mas mesmo assim elas vendem bem. O que a gente percebe é que a cultura de consumo das artesanais de Minas e de todo o Brasil tem crescido também pela qualidade”, constatou Gasparini.

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