Nem as mães salvam: comércio em Minas prevê queda recorde de 46,6% nas vendas para o domingo

Evaldo Magalhães
primeiroplano@hojeemdia.com.br
05/05/2020 às 19:12.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:26
 (Maurício Vieira)

(Maurício Vieira)

A data é, tradicionalmente, a segunda em volume de vendas do ano para o comércio, perdendo apenas para o Natal. Desde 2004, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), teve picos expressivos de crescimento em negócios em relação a anos anteriores, como em 2008 (10,9%) e 2011 (9,2%). Variações negativas modestas foram registradas em apenas duas ocasiões: 2004 (-1,9%) e 2016 (-9,2%) – a última, no auge da crise econômica iniciada em 2015.

Desta vez, contudo, em meio à devastadora pandemia do novo coronavírus, o Dia das Mães, no próximo domingo (10), tem tudo para entrar para a história, no país e em Minas, como o das piores vendas da história. A projeção da CNC é de que, em todo o Brasil, a queda seja de 59,2% sobre o faturamento de 2019. No Estado, o tombo será de 46,6%.

“Desde o início da atual crise econômica e sanitária, 90% dos comerciantes mineiros relataram quedas de 80% a 100% no faturamento. O Dia das Mães, que poderia reduzir os impactos do isolamento social no setor, infelizmente, não deve trazer alívio”, diz o economista Guilherme Almeida, da Federação do Comércio de Minas (Fecomércio-MG).

Almeida destaca que, ao contrário da Páscoa, cuja venda de produtos típicos se dá em segmentos considerados essenciais (supermercados, por exemplo), abertos desde o início da pandemia, o Dia das Mães de 2020 ocorrerá em meio ao fechamento de lojas de importantes setores voltados para a data, como vestuário, eletrodomésticos e eletroeletrônicos, entre outros. 

Não por acaso, a expectativa de variação real das vendas é ainda mais negativa na maior parte desses segmentos: vestuário e calçados, por exemplo, é o que deve apresentar, a maior retração nacional (-74,6%), seguido pelas lojas de móveis e eletrodomésticos (-66,8%) e pelas de informática e comunicação (-62,5%). 

Alternativas
Com a proibição de abertura de lojas e o desaquecimento generalizado da economia na pandemia, setores do comércio e também dos serviços buscam alternativas para reduzir perdas no Dia das Mães.

Desde a última sexta-feira, o Boulevard Shopping BH, na região Leste da capital, apesar das portas fechadas, tem indicado, no site e nas redes sociais, as marcas presentes no empreendimento com canais de venda online, direcionando os clientes para e-commerce, Whatsapp e Pick Up. Nesse último caso, referente a estabelecimentos de alimentação, o consumidor pode fazer a compra online e a retirar o produto no estacionamento do Boulevard, com entrega agendada e no formato drive thru, sem sair do carro. 

“Essa é uma solução segura para que os clientes possam continuar realizando suas compras e também para ajudar os lojistas que estão de portas fechadas há mais de um mês. É uma forma de movimentar a economia, respeitando as orientações das autoridades de saúde”, explica Maurício Malta, superintendente do shopping.

 Microempreendedor usa criatividade para alavancar negócios 

Entre os presentes alternativos para o dia das mamães, há de tudo: de cestas de café a kits de beleza, passando por mensagens declamadas por atores e com músicas compostas especialmente 
para as homenageadas 

A criatividade na busca por soluções comerciais em meio à pandemia tem sido a marca do Dia das Mães de 2020 para muitos micro e pequeno empreendedores. O uso das ferramentas digitais para divulgar produtos e a oferta de kits especiais, com entregas agendadas e em domicílio, por exemplo, têm feito a alegria de pessoas como Carmen Lucy Araujo de Souza, de 62 anos.

Dona da Cestou BH, empreendimento doméstico que ela lançou em março, a empresária viu esgotar, em pouco tempo, o estoque de cestas de café da manhã personalizadas para as mamães dos clientes. No domingo, três motoristas de aplicativo, contratados por ela, levarão pela manhã bandejas artesanais repletas de produtos feitos em casa, como bolinhos e pães de queijo, às casas de 30 clientes de Belo Horizonte.
“Tive de suspender as encomendas porque não daria conta de atender mais pessoas, mas aceito pedidos para o sábado e para a tarde de domingo”, afirma ela, cujas cestas, com uma gama variada de comidas e bebidas e belos arranjops florais, custam de R$ 140 a R$ 250.

A estratégia de personalização de kits, no caso, com cosméticos de uma famosa grife, e de delivery também fazem a diferença no negócio da consultora independente de beleza Mari Gontijo. 

Para o Dia das Mães, ela reforça anúncios nas redes sociais e faz questão de conversar detalhadamente com cada interessado para poder montar o melhor pacote de produtos para as mães. “É importante conhecer mais a pessoa para ajudá-la nas escolhas”, afirma Mari, lembrando que, ultimamente, os itens de maior procura têm sido os produtos para limpeza de rosto e pele.

Vídeos
Diante da dificuldade de gerar renda na pandemia, o grupo Oriundo de Teatro, de BH, dirigido por Enedson Gomes, criou um produto diferenciado, oferecido como alternativa de presente para as mães. São vídeos de até três minutos com mensagens, acompanhadas de músicas compostas especialmente para as produções, e encaminhadas à homenageada.

“Criamos dois cadastros na Internet, um para quem se interessar pelo produto e outro para artistas que queiram participar”, explica o ator e músico Luiz Rocha. Segundo ele, já estão em produção encomendas para domingo. O custo fica em torno de R$ 300. O contato é pelo Instagram, no perfil “olaproducoes”.

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