Novo ataque à área verde da capital mineira

Do Hoje em Dia
07/02/2013 às 06:25.
Atualizado em 21/11/2021 às 00:47

A Organização Mundial de Saúde recomenda 12 metros quadrados de área verde por habitante. A frase está-se tornando um mantra da Secretaria Municipal de Meio Ambiente da capital mineira. Falta, porém, nesta frase, uma palavra. Pois aqueles 12 metros quadrados são o mínimo necessário à preservação da saúde em Belo Horizonte. E quanto mais área verde, melhor para a vida de todos os moradores, humanos ou não.

Por que é tão importante a área verde para os moradores da cidade? São muitos os motivos: a vegetação tem ação purificadora do ar, por fixação de poeiras e materiais poluentes, por depuração de bactérias e outros microorganismos, por reciclagem de gases pela fotossíntese e por fixação de gases tóxicos. Medições têm mostrado que num ambiente com vegetação se encontram 50 microorganismos por metro cúbico de ar, contra até 4 milhões em ambientes fechados e de alta concentração de pessoas, como em alguns shopping centers. Além disso, a vegetação conserva a umidade do solo e filtra a radiação solar. Portanto, reduz a temperatura ambiente. Quanto mais alta a temperatura, mais a cidade sofre de doenças infecciosas – e mais gasta com tratamento da saúde.

Não bastasse essa ação de extrema importância para a saúde de todos nós, as árvores reduzem a velocidade dos ventos, amortecem os ruídos urbanos, contribuem para o balanço hídrico e servem de abrigo à fauna.

É por isso que o Art. 225 da Constituição brasileira declara: “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.”

Será que foi isso o que fez o Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comam), presidido pelo secretário Vasco de Oliveira Araújo, ao autorizar o corte de 1.463 árvores, entre elas, 27 ipês e pequizeiros protegidos por lei, para que no local seja construído um empreendimento residencial?

Não basta ter imposto à empresa a obrigação de plantar 4.802 mudas de espécies nativas nas ruas do bairro Palmeiras, como contrapartida ao corte das árvores, pois ela pode plantar e as mudas não vingarem ou achar que é mais negócio pagar a multa se houver fiscalização ou apostar que logo o assunto será esquecido. Pois na área verde a ser ocupada pelo concreto havia muito mais do que árvores.

O lucro será de poucos e a conta a ser paga sobra para todos.

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