É (quase) o fim

07/12/2017 às 18:08.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:07
 (UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

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 Após o encerramento do Campeonato Brasileiro, eu me sinto como se estivesse diante daquela cena pós-créditos da comédia adolescente “Curtindo a Vida Adoidado”, um dos meus filmes preferidos, em que o protagonista Ferris Bueller surge de roupão encarando a plateia do outro lado da tela, avisando que a história já acabou e que é para a gente ir embora para casa. O Atlético também está no momento “pós-créditos”, encerrando a sua participação sem saber se há motivos para festejar ou lamentar a nona colocação. Um gosto indefinido que nos deixará em suspenso por dez dias, obrigando-nos a acompanhar, pelo menos, 180 minutos de Flamengo, um castigo e tanto para quem tomou recuperação por deixar de fazer o dever de casa. Como tudo no Galo envolve um bocado de sofrimento, vale também torcer para um dos maiores inimigos, como se urubu voando alto fosse sinal de bom presságio. Engrossaremos a arquibancada virtual do Mengão, veremos com forçado interesse o noticiário sobre a final da Sul-Americana e ficaremos preocupados se César eventualmente se machucar (bater três vezes na muralha, quer dizer, na madeira). A minha vontade é de já pular estes créditos intermináveis e ver o que nos aguarda no próximo filme, em 2018. A Julia, minha filha, teve uma ideia ótima, que, infelizmente, só será possível num futuro longíquo. Para não deixarmos a TV ligada à toa enquanto damos um cochilo no sofá, o aparelho entraria em repouso assim que fechássemos os olhos, religando automaticamente ao despertarmos. Nossas pálpebras funcionariam como uma espécie de controle remoto, com as opções de “abrir” (ligar) e “fechar” (desligar). Fácil assim. Pena que a realidade é mais dura. Espraiado no sofá e babando na almofada, enquanto “Os Simpsons” aprontam mais uma das suas na telinha, levo uma bronca da Beth por deixar o televisor ligado à toa, gastando energia.  Mal sabe ela a energia que gastei na quarta-feira, vendo Independiente e Flamengo. Torcer também envolve um preparo emocional e gastroetílico. Comprar cerveja e belisquetes toma tempo, além, claro, das despesas extras. Para compensar, resolvi que, no ano que vem, deixarei de ver os jogos das categorias de base, bem como os campeonatos chinês e russo. E cortarei pela metade o número de programas esportivos e as idas à casa de Seu Amadeu, que repete, com uma animação surpreendente, sempre a mesma história do Galo campeão do gelo. Álbum de figurinhas, nem pensar. Quer dizer, da Copa do Mundo talvez. Diminuir pelo menos 10% das partidas a serem assistidas na Copa também me parece uma boa ideia. Em último caso, posso ver o compacto. Enquanto 2018 não chega, resta ajoelhar e implorar por uma vitória flamenguista na próxima semana, após a derrota por 2 a 1 no jogo de ida. Os cariocas também dão a impressão de já estarem nos acréscimos, nos créditos finais de 2017. O melhor é fazer o mesmo que o seu mascote, o urubu-de-cabeça-preta, que usa as correntes de ar quente para economizar energia. Lá no alto, ainda podemos confiar no ex-atleticano Réver.

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