Como em 2012

19/01/2018 às 08:21.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:50
 (Bruno Cantini/Atlético/divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/divulgação / N/A

  

Primeiro é o carro da pamonha, que me levaria a correr para a rua se fosse um simpatizante do milho. Depois vem o amolador de facas, de pulmões fortes para nos fazer ouvir perfeitamente o que diz. A buzina característica nos lembra que o padeiro ciclista já chegou. E tem o homem da matraca, chamando a atenção para os seus bijus que se quebram todo com uma leve mordida.

A chuva sem parar nos transporta para os anos 80, dos musgos que se espalhavam pelas calçadas e muros. Certas sensações se mantêm intactas, como a paixão pelo clube do coração. Por mais dinheiro e marketing que entrem nesta fórmula, o torcedor é um saudosista por natureza. Qualquer discussão sobre futebol invariavelmente incorre numa comparação de títulos e placares em tempos idos.

Não digo que vou sentir falta de Fred ou Robinho e, buscando um pouco mais longe, de Ronaldinho Gaúcho, Diego Tardelli, Bernard ou Jô. Mas eles já se foram e é o Galo de 2018 que temos agora, um time bastante alterado em relação às últimas temporadas. Se fosse cardíaco, estaria com a saúde em risco a cada saída de jogador ou fracasso nas contratações.

Ainda que o Atlético não tenha terminado a competição nacional beirando a zona de rebaixamento, o sentimento é muito parecido com 2011, quando só não caímos porque tínhamos no banco um milagreiro chamado Cuca. Naquela época, depois do alívio, o Galo começou 2012 da mesma forma que hoje, sem contratações relevantes e sem uma Copa Libertadores para disputar.

O Atlético ganhou o Mineiro praticamente com as mesmas peças desgastadas do ano anterior. Depois foram chegando os nomes que, mais tarde, seriam decisivos na condução da equipe no vice-campeonato do Brasileiro e na conquista da Libertadores, em 2013. Partimos de um janeiro sem maiores expectativas a um dezembro que nos pôs, novamente, na competição continental.

Essa é a grande mudança em relação aos anos anteriores, quando a temporada começava no sorteio dos grupos da Libertadores, ainda em dezembro. O horizonte era mais amplo e utópico, como aquela sensação de bem-estar ao ver as gotas de orvalho. Hoje há uma incerteza espelhada pelo confronto com um Atlético que mal conhecemos, na estreia da Copa do Brasil.

Parece um mundo paralelo, uma terra do contrário. Na tabela de jogos do Atlético acreano, primeira tentativa de saber mais sobre o adversário, leio Vasco e Santos (por lá já tiveram Palmeiras, Botafogo, Internacional, Grêmio, América, Cruzeiro e até Peñarol). Para aumentar o meu desconforto, a mascote do clube também é um galo, embora as cores oficiais sejam o azul e o branco.

Como em outros tempos, voltamos a desbravar os rincões do Brasil, com seus múltiplos sotaques. Um passo humilde para um time que se tornou embaixador brasileiro na América do Sul. Quem sabe um recomeço, um reboot necessário. Se o Atlético perdeu o gás e o viço gradualmente nos últimos tempos, vamos ter que correr tudo outra vez para provar que merecemos estar no topo.

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