Sonho Meu

03/05/2018 às 19:39.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:39
 (Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/Divulgação / N/A

  Se todo atleticano for como eu, ele deve ter ido do céu ao inferno em poucas horas, entre a vitória incontestável diante do Corinthians, o time a ser batido no Brasil, e o empate chocho contra a Chapecoense, após a equipe catarinense armar um ferrolho daqueles, fechando a casinha e jogando a chave fora. Para ser mais exato, a alegria durou 75 horas. Tirando o horário dedicado ao sono (e quem dormiu direito após ganhar do Timão no domingo?) e aos afazeres de sempre, não restou muito tempo para sonharmos com um Atlético disputando as cabeças do Brasileiro, da Copa do Brasil e do que mais viesse pela frente. O Galo, enfim, tinha “voltado”, e sair do Independência naquela tarde foi como tomar um Biotônico Fontoura caprichado, com a colherada cheia que minha mãe gostava de me dar nos meus tempos de criança. Todo dia, na hora de jogar bola, pedia a dose de direito, como se fosse um espinafre a me dar força de Popeye. De alguma forma, todos os 11 que entraram em campo no dia 29 de abril surgiram como bravos heróis aos nossos olhos, nos inspirando e nos fazendo sentir orgulhosos, como em épocas não muito distantes. Saí com a sensação de ter visto a melhor partida do Atlético, sei lá, desde 2016. Vimos todos (todos mesmo) os jogadores empenhados, disputando cada dividida como se ali estivesse sendo disputada a última batalha de suas vidas. Para quem gosta de História, foi num 29 de abril que o imperador bizantino Aleixo venceu os pechenengues na Batalha de Levúnio e Joana d’Arc rompeu o Cerco de Orleões. Mais do que um território, o que estava em jogo no domingo eram as aspirações de um Atlético formado por uma legião estrangeira e comandado por um técnico eternamente interino. Havia algo fora do comum que logo incomodou a equipe paulista, que não soube como reagir a todo aquele ímpeto. Ricardo Oliveira não dava sossego à saída de bola corintiana, querendo o erro adversário de todo jeito. Além de ter marcado um gol e ter outro anulado, Guedes parecia pagar em dobro uma dívida antiga. Otero figurou como armeiro, preparando bombas que vinham de todas as direções.  Luan, em sua nova posição, quase como um terceiro volante, era o Menino Maluquinho e toda a galeria de  Ziraldo. Minha torcida era de que Patric fosse sempre daquele jeito, um guerreiro no ataque e na defesa. Fábio Santos, incansável.  O que dizer de Adilson e Blanco, tão afinados como uma dupla sertaneja, arrancando bolas como quem tira a nossa carteira sem percebermos? Blanco já é um veterano, um dos xodós da torcida de acordo com o “apupômetro” que antecede a partida. Victor, Bremer e Gabriel, senhores absolutos da defesa. Larghi, o interino, vendo o adversário encurralado no córner, não pensou duas vezes em tirar um homem de zaga e aumentar o arsenal de ataque, como se preparasse o golpe fatal. Três substituições ao mesmo tempo, dando-nos a impressão de que um pequeno exército tomaria de assalto as plagas corintianas. Como qualquer sonho, foi um momento fugaz, doce enquanto durou. Voltaram a ser abóboras, aquelas mesmas usadas no Halloween para nos assustar. Entre os doces e as travessuras, ficamos com os últimos. Se o atleticano for como eu... bom, que outros sonhos como esse aconteçam por todo 2018.

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