A imaginação é a louca da casa

20/03/2020 às 22:36.
Atualizado em 27/10/2021 às 03:02

Mauro Condé*

“Podemos ter vindo em navios diferentes, mas hoje estamos todos no mesmo barco” 
Martin Luther King

Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte importantes livros sobre literatura.

Eles me levaram para a França em 1947, onde fui recebido pelo filósofo, escritor e prêmio Nobel, Alberto Camus, a quem fui logo pedindo:

Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

Meu diálogo com Camus se deu através da releitura de “A Peste”, livro clássico escrito por ele em 1947 e que narra a saga fictícia da população da Cidade de Oran, na Argélia.

Interessante a incrível semelhança entre a ficção e a realidade atual do impacto pandêmico do coronavírus, onde a capacidade de contágio e contaminação supera a da reação.

Em sua obra, a cidade de Oran é, de repente, invadida por uma praga, uma peste transmitida por ratos, que chega ao ponto de fechar a cidade para o mundo.
Lá, tal como hoje, a primeira reação das pessoas foi de negação do problema, a começar pelo protagonista Dr. Rieux, que aos poucos se viu diante de uma cruel realidade.

Toda a cidade ficou isolada e em quarentena, com as pessoas exiladas em suas próprias casas, afetando a economia, as empresas, as escolas e o transporte público.

Da obra de Camus, extraí reflexões importantes sobre como agir diante de crises, como a do coronavírus:

Procure se munir de informação e o conhecimento.

Evite mensagens alarmantes e sensacionalistas que apenas focam nos perigos, mas não informam nada aos destinatários sobre os meios claros, específicos e eficazes para reduzi-los.

Busque informações de fontes confiáveis que inspirem e demonstrem providências práticas e concretas sobre como se proteger das ameaças.

Siga as recomendações das autoridades. Na pior das hipóteses, elas são muito melhores do que não fazer nada.

Aja com rapidez e ao mesmo tempo calma e inteligência.

A imaginação é a louca da casa.

Evite enlouquecer a si mesmo e aos outros por causa do pânico em relação a uma doença que, apesar de ser uma das mais contagiosas da história, em mais de 80% dos casos, segundo médicos e cientistas, gerou desconfortos que passaram após cuidados pessoais.

Não superestime e nem subestime a situação.

Seja solidário, cuide de você, dos outros e monitore a situação, não hesite em procurar ajuda médica em casos graves e contribua para o isolamento inteligente para evitar a proliferação do vírus.

Em a peste, Camus nos inspira a acreditar na capacidade do ser humano de superar adversidades, por piores que elas sejam.
*Palestrante, Consultor e Fundador do Blog do Maluco.

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