Flávia Costa*
Caso você ainda não saiba, a internet das coisas (Internet of things - IOT) está perto demais de você. Sua geladeira, seu carro, seu filtro de água e seu relógio, tudo isso é capaz de ter um sistema que se conecta à internet. Isso os classificaria como objetos inteligentes. E modifica completamente sua vida.
Sabemos que a TV que se conecta à internet é chamada de smart tv. Esse é o princípio da internet das coisas. Nessa tendência, assim como a TV, teríamos “coisas” com internet, como uma smart torradeira. Ao verificar que seu smart despertador te acordou e que, automaticamente, já ligou seu smart chuveiro na temperatura que você programou, com a música que você gosta, sua smart torradeira já começa o preparo das torradas. Quando pega seu leite, a sua smart geladeira já fica informada que o leite acabou. Já o smart carro, conectado à sua smart porta, percebe que você já trancou a casa e já liga o motor, regula a temperatura interna do carro, e traça o melhor caminho até seu trabalho. O Smartphone, que talvez você já tenha e esteja usando-o agora para ler este artigo, será o nosso “controle” disso tudo.
Por meio da geolocalização (o gps), você vai passar perto de um supermercado e seu smart relógio vai te lembrar que acabou o leite, pois sua geladeira “avisou a ele”. Com isso, aparece a marca da padaria, bem como a marca do leite, e junto vem a promoção de um café que você nunca experimentou, mas um algoritmo acha que faz o seu estilo. E você, não na dúvida, mas na confiança do algoritmo, leva o café.
Mas não se preocupe. Se não quiser ir na padaria para comprar o leite, você pode autorizar que uma empresa da sua confiança entregue o leite na sua casa, na sua caixa de correio inteligente. Assim que o entregador chegar, você já recebe a notificação da entrega. Do leite e de tudo mais que seus aparelhos inteligentes disseram ter acabado. Adeus estratégias de promoção no ponto de venda. Agora eu, como vendedor de leite, preciso que a sua geladeira te convença que a minha marca de leite é a melhor.
Existe aqui uma deliberada mudança no comportamento do consumidor. Ele se compra de forma mais direta, prática menos pensada. E também ao fazer isso informa a um grande banco de dados suas preferências, seus gostos, suas rotinas.
E com isso vem uma reinvenção das estratégias publicitárias. Hoje a publicidade se vale de estratégias como o cheiro do café, ou a qualidade na produção de um leite. De agora em diante a publicidade vai precisar agradar a um algoritmo, que friamente “decide” sobre o comportamento das pessoas, e que está mais perto de você do que imagina. Afinal, este dispositivo com o qual interage agora provavelmente é um smart alguma coisa, e neste momento está memorizando suas preferências, antes de um algoritmo te indicar o próximo artigo.
*Mestre em comunicação social e professora dos cursos de Publicidade e Jornalismo das Faculdades Promove
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<EL5>A internet das coisas e o consumo