Ricardo Loureiro*
Ouve-se muito falar sobre investimentos. Somos, a todo tempo, pressionados a entender sobre bolsa de valores, fundos de investimento, renda fixa, renda variável, criptomoedas, poupança, entre tantas outras alternativas. O ambiente digital tem proporcionado o pensamento de “você precisa investir”, que não está errado, mas precisa estar inserido num contexto e num momento propício.
Uma pesquisa recente da B3 mostrou que 73% dos novos investidores buscam informações sobre isso na internet e 60% são motivados por influenciadores digitais. Admiro que os brasileiros estejam cada vez mais cedo buscando conhecimento sobre o assunto. Mas entendo que esse tipo de investimento é algo que está no topo, no final de um planejamento consciente que precisa começar lá atrás.
Antes mesmo de se embrenhar nesse mundo, é preciso se organizar. De nada adianta poupar e investir seu dinheiro se a sua base, ou seja, sua própria vida, não está sólida. Às vezes, é necessário dar vários passos para trás e pensar no básico.
Costumo dizer que planejar nossa vida é como construir um prédio: você precisa cuidar do terreno, fazer terraplanagem, fincar as estacas, calcular as estruturas, para depois construir andar por andar.
Os cuidados com o terreno são a consciência das nossas despesas de viver o agora, como as compras do mês, o cartão de crédito e as despesas com energia elétrica, água, telefone, transporte e moradia. A fundação do solo é a proteção contra imprevistos, que inclui plano de saúde, seguro de carro, de vida e renda por incapacidade temporária, se profissional autônomo. Essa é a base sólida.
A construção dos andares são nossos sonhos de curto e médio prazo. São as reservas de emergência, poupança para comprar um carro ou construir uma casa, consórcios, entre outros. Aqui é preciso pensar na alocação de recursos adequados àquele prazo e a importância de organizar a carteira de investimentos.
No final, o último andar abriga nossos sonhos de longo prazo. Aqui, falo de dinheiro para o futuro, previdência, independência financeira, renda que é resultado de investimento anterior, aposentadoria. Aquele momento em que se quer apenas colher frutos de tudo que construiu na vida.
Bom, o que acompanha essa “construção” é a vida financeira e, por mais que seja clichê dizer isso, é necessário estar consciente sobre ela, algo que se tem apenas quando se faz um bom planejamento de vida. E ele inclui saber quanto se ganha, quanto se gasta, quanto se poupa e quanto se pretende investir.
Mas é importante ponderar que levantar esses cálculos e estudar as melhores opções para a própria vida pode não ser tão fácil. Contar com o auxílio de um bom profissional planejador financeiro pode contribuir muito para um bom resultado no futuro. O importante é entender que, no final, toda essa matemática precisa ser feita com foco no próprio bem estar.
*Planejador financeiro e fundador da Cilp