Endometriose: um perigo silencioso

28/12/2016 às 20:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:15

Agnaldo Lopes Silva Filho* 

Uma situação corriqueira é escutar uma mulher reclamar de fortes cólicas durante o período menstrual. O sintoma é comum. Entretanto, quando essas dores são muito agudas e constantes e, ainda, associadas a outros sintomas, pode-se estar diante da endometriose. Trata-se de uma doença de evolução crônica, que exige muita atenção e tratamento adequado. Os dados apontam que cerca de 10% a 15% da população tem o problema, ou seja, seis milhões de mulheres em idade reprodutiva. 

O dado é preocupante por revelar que, além da relação entre endometriose e infertilidade ser muito grande, ainda é preciso avançar muito no que diz respeito à atenção à própria saúde. 

O endométrio reveste a parte interna do útero para abrigar o óvulo fecundado. Quando não ocorre a gravidez, descama e inicia a menstruação. A endometriose surge quando, em vez do fluxo menstrual seguir o caminho “correto”, retorna subindo pelas tubas uterinas e acaba se espalhando por outros órgãos. Os locais mais acometidos são as trompas, ovários, ligamentos útero-sacros, útero e peritônio. O intestino grosso e a bexiga são os órgãos não reprodutivos mais afetados, mas o problema ainda pode ocorrer em outras partes.

Os principais sintomas são as cólicas severas, dores profundas na vagina e região pélvica, dores durante a relação sexual, dores para evacuar, urinar, sangramento nas fezes e na urina, infertilidade, diarreias e constipação intestinal durante o período menstrual. Os números de incidência da doença tendem a crescer, pois ela está cada dia mais associada às mudanças ocorridas no cotidiano feminino. Fatores genéticos também podem contribuir.

Quando se fala em tratamentos, felizmente, os avanços também são significativos. Os exames de imagem, ultrassonografia com preparo e a ressonância, estão mais precisos e eficientes para auxiliar no diagnóstico. As opções terapêuticas incluem a cirurgia e/ou uso de medicamentos.

Manter os cuidados com a saúde ginecológica em dia é um hábito que deve ser cada vez mais essencial para garantir um diagnóstico precoce e um tratamento adequado. Muitas mulheres ainda passam anos e, até mesmo, a idade reprodutiva inteira convivendo com a endometriose por acreditarem que faz parte dos sintomas da menstruação normal, sem procurar ajuda médica. 

(*)Ginecologista e professor titular da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

 

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