Exercendo a liderança de forma remota

24/10/2020 às 08:05.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:52

Amanda Gomes*

Passamos por um momento de reestruturação. E agora? Frente a um futuro incerto, como manter o engajamento de nossos colaboradores, da equipe e, ainda, uma boa gestão? Nesse contexto, de isolamento social e empresas precisando recorrer ao trabalho remoto, exercer uma liderança efetiva nunca foi tão falado, não é mesmo?

A realidade é que o exercício da liderança não tem a ver com cargo e menos ainda com o momento atual. Liderança tem a ver com a capacidade de influenciar nossos pensamentos, sentimentos e atitudes, seja presencialmente ou virtualmente. Exercer essa influência é primordial em momentos de incerteza, como este em que estamos vivendo.

Muitas decisões foram e ainda precisam ser tomadas, mas vale lembrar que quem está em um cargo de gestão hoje, também é um ser humano e, assim como todos da equipe, possui suas inseguranças e medos em relação ao que o Covid-19 pode causar. Todos nós somos perfeitamente imperfeitos e estamos aprendendo ao mesmo tempo com tudo isso.

Segundo Brené Brown, a vulnerabilidade é uma força humana e não uma fraqueza, por isso entendemos que a melhor forma de começar exercer essa liderança é gerar conexão humana com as pessoas. Ou seja, compartilhar as ansiedades e não se sentir na obrigação de ter todas as respostas para a equipe. No entanto, acredito que existam alguns pontos de extrema importância a serem trabalhados para que esse processo de liderança remota traga resultados:

• Falar com cada um da equipe individualmente, se possível. Demonstrar interesse genuíno em saber os desafios de cada um e como, de alguma forma, contribuir para que esse processo seja mais leve.

• Mostrar a visão de futuro para a equipe. Quais decisões estão sendo tomadas para os próximos dias.

• Envolver a equipe perguntando e criando soluções em conjunto para esse processo. A equipe precisa se sentir incluída, respeitada e acolhida.

• Ter clareza do que é esperado de cada um da equipe e como eles deverão entregar os resultados de médio e longo prazo, frente a esse cenário. Quais as respostas que a liderança já possui e quais ainda não.

• Os gestores devem estar mais presentes para apoiar seu grupo de colaboradores e ter um mentor ou mentora que também o apoie neste jornada.

• O ritmo de acompanhamento dependerá muito do contexto do trabalho e dos entregáveis, lembrando que o mais importante nesse acompanhamento é:

• Ter clareza da direção das decisões. Para que os resultados futuros aconteçam, quais são os entregáveis de cada um ao longo das semanas. Me refiro a resultados pragmáticos e não a lista de tarefas:

Exemplo de tarefa: Enviar email para tal pessoa.

Exemplo de resultado: Ter o contrato negociado e prorrogado.

Mais importante do que controlar as tarefas que cada colaborador está fazendo é ter clareza de quais os resultados são relevantes para se chegar na visão planejada. Melhor do que controlar os e-mails enviados é saber se a solução foi atingida.

Em um processo remoto, a autonomia é a palavra de ordem, sendo assim, todos tendo a clareza dos resultados efetivos que precisam ser entregues e acompanhados, a organização das tarefas ficará a cargo de cada integrante da equipe dentro da distribuição do seu próprio tempo.

As reuniões de acompanhamento devem ser para trazer os progressos dos resultados e pontos de melhoria que estão impedindo esses progressos. Não é a quantidade de horas trabalhadas o mais importante, e sim a evolução do direcionamento estabelecido.

Outros detalhes importantes:

• Entender a realidade de cada colaborador, principalmente pensando naqueles que estão com seus filhos em casa. Quem está à frente de uma equipe tem que ter empatia para entender que a rotina produtiva não será mais a mesma e que não deve ser apenas a agenda do líder que dita o ritmo, mas a agenda do grupo. Como esses pais estão se alternando com as crianças? É preciso estimular os homens a contribuírem com suas mulheres e vice-versa, e também entender os melhores horários para as reuniões de acompanhamento.

• Hoje, com a tecnologia, não existem mais limitações. Depois de tantos recursos que as empresas estão disponibilizando gratuitamente é fácil criar meios para estar sempre em contato, como Hangout, Whatsapp, Telegram, Trello, etc.

Na escola ELAS, ensinamos e acreditamos na Liderança Centrada, que respeita a compensação entre vida profissional e pessoal. Neste período em que todos estão revendo sua forma de ser útil e, ao mesmo tempo, revendo o valor das relações e conexões, também é o momento para renovarmos a nossa visão do que de fato é uma liderança, de resultado e mais humana.

*Especialista em análise comportamental e cofundadora da ELAS , primeira escola de liderança feminina do Brasil.

 

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