Ganhar tempo

09/02/2021 às 10:16.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:08

Por Aristóteles Drummond (*)

Não podemos tapar o sol com a peneira, pois é do enfrentar a realidade que vivemos de maneira objetiva, é o que precisamos. É ato de solidariedade humana.

Pelo andar da carruagem, a vacinação no Brasil, considerando a população e a burocracia envolvida, vai levar o ano inteiro para surtir efeito. O mesmo país que vacinou 80 milhões em dois meses contra a gripe não consegue avançar quanto a um vírus mortal, pandêmico. E nem teria vacinas para tal. Mesmo assim, não se vai à caça para obtermos vacinas.

Além das duas aprovadas para uso emergencial pela Anvisa, existem outras possibilidades que parece não serem consideradas. É como se a velocidade da imunização não estivesse atrelada às condições para a retomada de atividades econômicas, geração de empregos, arrecadação e paz social.

A vacina russa Sputnik está sendo aplicada em outros países latino-americanos e é sucesso na própria Rússia. Existe convênio assinado com o governo do Paraná, mas nada de objetivo está sendo feito para sua fabricação no Brasil, por laboratório com fábrica em Brasília.

As vacinas dos laboratórios americanos, três já em aplicação mundial, são de laboratórios presentes no mercado brasileiro de forma relevante. Não seria complicado agilizar a compra delas. A questão do armazenamento, que inibe o uso em todo território nacional, e o custo bem superior às demais, seriam determinantes, pelo bom senso, a serem comercializadas para o setor privado, que, supostamente, teria mercado com poder aquisitivo para tal. Facilitaria a imunização e aliviaria os estoques do SUS, para uso geral. Ademais, são milhares as empresas dispostas a pagarem para seus funcionários, como condição para a volta menos tensa ao trabalho, que o próprio presidente Bolsonaro tanto defende. 

A questão está travada pelo elitismo cruel dos ideológicos de esquerda, que combatem a abertura para o setor privado em nome de uma suposta desigualdade. Como se esta fosse acabar por causa de se dar à vacinação da Covid o mesmo tratamento usual, há décadas, às demais vacinas. O grave é que já temos clínicas e laboratórios aptos a uma vacinação de alguns milhões de brasileiros por semana.

O povo, por sua vez, está apático e irresponsável ao resistir aos cuidados consagrados, que são distanciamento social, uso das máscaras e evitar aglomerações. Nisso, todos têm culpa, e não apenas o presidente.

A República, na união de seus três poderes, tem o dever de mudar esta realidade, de maneira rápida e eficiente, pois, neste momento, a futricaria só pode nos levar à implosão econômica, política e social. A sociedade está perplexa com este desencontro da cúpula dos três poderes com a realidade dramática de metade da população.

A eleição nas mesas do Congresso pode ser um bom sinal. 

 (*) Jornalista

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