Minas e o trem

05/04/2021 às 21:18.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:36

Aristóteles Drummond*

Os mineiros têm uma longa e positiva história com os trens. A tal ponto que a palavra “trem” é usual para outros fins que não o do veículo fundamental para o progresso e a qualidade de vida.

Há mais de meio século, o modal é relevante apenas para a mineração. E o único trem de passageiros de qualidade no Brasil é o que faz a ligação de Belo Horizonte com Vitória. Foi nos governos militares, com Eliseu Resende ministro, a última tentativa de restabelecer a conexão ferroviária de passageiros entre o Rio e a capital mineira, com escala em Juiz de Fora. Durou pouco, pois as melhorias na linha não ocorreram, impedindo que o tempo de viagem fosse minimamente encurtado em duas horas, pelo menos. 

No interior, o abandono permanece e há muito a ser recuperado, o que é viável economicamente. No Sul mineiro, uma oferta confiável de uma ligação até Campinas seria instrumento de progresso e qualidade de vida. Não se trata de projeto faraônico, pois tem carga e passageiros de relevância econômica na área. A Zona da Mata possui também um potencial de atração de investimento nas linhas abandonadas e mal utilizadas. Um tema a ser discutido pelo Governo do Estado com as entidades empresariais e levado a Brasília. Chegando a Campos, no Estado do Rio, levaria carga ao Porto Açu. 

O ministro Tarcísio Freitas é um entusiasta das ferrovias e está fazendo muita coisa do Nordeste para o Sul, mas nada que possa beneficiar Minas, que, quando muito, é passagem de algumas das novas ligações, em direção ao Porto de Santos.

Minas precisa voltar à relevância na área federal. Bons quadros não faltam. A presença do senador Rodrigo Pacheco na presidência do Senado pode ser aproveitada para uma influência mineira nos projetos que passam pelo governo federal.

É bom lembrar que, com João Figueiredo, Minas contou com destacados ministros, como Ibrahim Abi-Ackel, Murilo Badaró, Eliseu Resende, José Israel Vargas e João Camilo Pena, e tendo Aureliano Chaves como vice-presidente. Com Sarney, José Aparecido, José Hugo Castelo Branco, Aureliano Chaves, Leopoldo Bessone. Aliás, no período militar, Minas teve presença relevante, já que os três vices civis eram mineiros – Alkmin, Pedro Aleixo e Aureliano – e ministros, além dos citados, como Magalhães Pinto, Rondon Pacheco, Milton Campos, Rocha Lagoa e Alysson Paulinelli.

Vencendo preconceitos ideológicos, que no Brasil travam e assustam investimentos privados, nacionais ou internacionais, poderíamos ter um novo país. E neste conjunto quem hoje tem o mais nítido compromisso liberal é o Governo de Minas. Uma chance a não ser perdida. 

*Escritor e Jornalista

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