O município na política mineira

20/05/2016 às 18:07.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:32

Aristóteles Drummond (*)

Talvez em nenhum Estado do Brasil a eleição municipal tenha a importância que possui em Minas Gerais. Desde sempre os mais notáveis políticos passaram pela experiência municipal e o histórico da presença de valores respeitados prevalece até nossos dias, apesar das mudanças no Brasil nem sempre tenham sido para melhor. Minas mostra que existe sempre um espaço para a tradição. 

Não custa nada lembrar que um dos notáveis da política mineira, Antônio Carlos de Andrada, foi prefeito de Belo Horizonte e de Juiz de Fora; JK, prefeito de BH;Bias Fortes começou como Prefeito de Barbacena, Hélio Garcia, prefeito de BH, Itamar Franco, prefeito de Juiz de Fora; Ozanan Coelho, prefeito de Ubá. Tancredo Neves começou como vereador. E por aí vai.

Compromisso com o município completa biografias ricas, como as de Murilo Badaró, em Minas Novas, que foi prefeito depois de ter sido deputado, senador, ministro de Estado e candidato ao governo estadual. Em Araxá, Olavo Drummond, que começou deputado estadual, foi ministro do Tribunal de Contas da União e do Estado de São Paulo e, quase aos 80 anos, se elegeu prefeito de Araxá. O exemplar e completo Arlindo Porto começou prefeito de Patos de Minas.

Na atualidade, o governador Fernando Pimentel foi prefeito da capital, e um quadro de prefeitos representativos e de alto nível povoa a paisagem política dos municípios mineiros. Sete Lagoas tem no prefeito Márcio Reinaldo a presença de um dos mais respeitados e atuantes membros da bancada mineira na Câmara dos Deputados, onde exerceu inúmeros mandatos. Mais adiante, em Curvelo, uma referência de qualidade é Maurilio Guimarães, no terceiro mandato e com passagem em cargos no governo do Estado. 

Em Juiz de Fora há o jovem Bruno Siqueira, um valor que veio da vereança e pode progredir, nascido em berço político. José Fernando Aparecido de Oliveira foi prefeito de Conceição do Mato Dentro, deputado federal e agora disputa voltar à cidade que tem em seu pai o maior benfeitor de todos os tempos. 

Exemplo maior do amor à terra talvez seja o prefeito Antônio Carlos de Andrada, de Barbacena. Depois de ter iniciado a vida como o mais jovem prefeito da histórica cidade, foi deputado estadual de prestígio, líder de Aécio Neves, conselheiro do Tribunal de Contas, cargo vitalício e ambicionado por muita gente, que renunciou para voltar a ajudar sua cidade mergulhada em grave crise, que tem procurado vencer com grande esforço.

No meio empresarial são muitos os belos exemplos de voluntariado na política municipal em algum momento da vida. José Oswaldo Araújo, por exemplo, notável empresário e banqueiro, foi prefeito de BH; José Brás, empreendedor de sucesso a partir de Muriaé, entregou os negócios aos filhos e netos e foi servir ao município. Rui Lage, que presidiu a Bolsa de Valores e atuou no mercado financeiro, foi prefeito da capital também. 

Américo Gianetti da Fonseca, empresário de larga visão, criador da siderurgia em Minas Gerais na empresa que veio a ser a Alcan, é outro que prestou serviços públicos. Foi eleito prefeito de Belo Horizonte em movimento de jovens liderados por José Aparecido de Oliveira, que veio a ser seu assessor.

Logo, em Minas, as eleições municipais são sempre importantes. E passam à margem da crise e das disputas em nível nacional e até mesmo estadual. É a força do compromisso com as raízes de seus filhos.

(*) Escritor

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