O valor da experiência

22/11/2021 às 20:11.
Atualizado em 05/12/2021 às 06:18

Aristóteles Drummond*

Ao emprestar sua experiência e trânsito político ao presidente Bolsonaro, o ex-presidente Michel Temer prestou relevantes serviços ao Brasil. Não fosse sua sábia intervenção, a crise que envolvia o presidente e o STF poderia ter arranhado a ordem que o país pede para resolver seus graves problemas econômicos e sociais. Não pode ser uma conselheiro solitário pois não costuma resistir a amizades tóxicas.

Os ex-presidentes sem problemas com a Justiça são todos homens em condições de formarem um aconselhamento de alto nível para que o país chegue às eleições do próximo ano sem maiores dificuldades na necessária harmonia entre os poderes e a paz social. Talvez o mais sábio e em melhores condições de oferecer bons conselhos seja José Sarney, que teve uma longa presença na política sem provocar animosidades. Um homem público de bom senso, equilíbrio, sem grupos que o possam comprometer. Até FHC, com sua imodéstia e sentimento de ser melhor do que os outros, tem algo a oferecer. E o senador Fernando Collor é o representante do pensamento moderno, que impulsionou o país a partir de seu governo, ao colocar na pauta nacional as privatizações, a qualidade e a produtividade de nossa indústria, a abertura do comércio. E a imperiosa reforma administrativa, que a cada governo sofre uma emenda inócua.

As lideranças políticas e empresariais têm consciência de que podemos mergulhar no caos em curtíssimo tempo, com o descontrole nos gastos públicos, no crescimento negativo, na inflação, na perda da competitividade internacional. Nossa defasagem em relação aos emergentes mais ágeis, sobretudo asiáticos, é grande. O Brasil é grande não só no território, também estamos entre as seis maiores populações do mundo. E boa parte, fragilizada pelo despreparo, a subnutrição e os baixos salários.

Pelo que se observa, os atuais atores da cena nacional não parecem à altura da gravidade da situação, que é realmente emergencial. Os militares deixaram o Brasil como a oitava economia do mundo, com crescimento por vezes a taxas de 10% e, hoje, estamos entre a décima segunda e a décima quarta, conforme o câmbio. Nossa moeda perde credibilidade interna e externa.

Tudo leva a se supor que podemos apresentar um projeto de conciliação nacional, com avanços que facilitem a recuperação da economia no consenso da experiência dos ex-presidentes referidos. Nenhum deles está nas disputas, e são homens equilibrados e moderados. E a idade média e a realização pessoal e familiar que lhes são comuns, não precisam ambicionar nada mais do que uma entrada digna na história. Na falta de lideranças, que é inegável, que se busque nos experientes a lanterna que a situação exige.

*Jornalista

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