Os militares na vida pública

09/08/2021 às 18:46.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:38

Aristóteles Drummond*

César Cals foi dos mais preparados executivos do chamado período militar. Dirigiu as obras da usina de Boa Esperança, no Piauí, ainda no governo Jango, e o setor elétrico do Maranhão. Engenheiro militar, formado no IME, e civil na UFRJ, foi lembrado pelo presidente Médici para governar o Ceará, sua terra natal e onde o pai foi prefeito de Fortaleza, sempre bem lembrado. Aliás, depois foi o filho Cesar Neto que administrou a capital de forma correta. Governador competente e de visão, olhou para o interior e deu impulso à agricultura local. 

Em 1978, foi eleito senador, mandato que só foi exercer por dois anos, convocado que foi para ser ministro das Minas e Energia pelo presidente João Figueiredo. Onde marcou seu nome pelo sucesso, dedicação e correção, ao enfrentar a crise energética e implantar programa até hoje não superado em volume e resultados. Tanto na energia como na mineração e no petróleo.

O excelente ministério de Figueiredo atuava em sintonia com homens devotados e movidos pelo patriotismo. Assim, João Camilo Pena implantou a produção de álcool e César Cals, a mistura na gasolina, a presença do combustível em todo o país.

No petróleo, fixou a meta de triplicar a produção nacional, o que acompanhou a cada dia, impondo prioridades e ritmo à Petrobras. Tocou obras relevantes, como Tucuruí e Itaipu, com Costa Cavalcanti, e estimulou as fontes alternativas, ainda começando. Na mineração, o Projeto Carajás e sua ferrovia, a cargo da Vale, foram iniciados e inaugurados no governo, no qual foi dos poucos ministros a permanecer no cargo os seis anos do governo Figueiredo.

Em Roraima, por exemplo, Cals sonhou com o projeto de Cotingo, que, além de gerar energia com baixo custo, teria dado recursos para melhorar a qualidade de vida da população indígena que ali vive. Bolsonaro chegou a se referir à obra, mas, pelo visto, esqueceu de recomendar tocar o projeto. 
Como foi o caso do também coronel Mário Andreazza, outro exemplo de sucesso nos três governos a que serviu. Outro que deve ser lembrado é Jarbas

Passarinho, polivalente nos serviços prestados em diferentes áreas, inclusive em dois mandatos de senador.

Curiosa a preocupação da oposição com a presença de tantos militares no governo atual. Devemos a eles bons momentos da vida nacional, como no governo JK, que teve no almirante Lúcio Meira o coordenador da criação da indústria automobilística, e Amaral Peixoto, como ministro, também oriundo da Marinha. Juraci Magalhães foi excelente governador da Bahia e, depois de 64, ministro nos governos militares. Getúlio contou com muitos dos tenentes de 30 no seu longo e produtivo mandato. 

Agora, se pode ser feito algum reparo, não é no recrutamento, mas, na escolha equivocada.

Justifica-se a preocupação das esquerdas com os militares. Deles, o povo brasileiro só tem motivos para recordar com admiração os anos de segurança com desenvolvimento. 

*Jornalista

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