Profissional “T” ou híbrido

27/07/2020 às 17:55.
Atualizado em 27/10/2021 às 04:08

Efigênia Vieira*

Folheando uma revista de negócios, vejo os seguintes dizeres: “Quer atingir excelentes resultados? Faça como a Microsoft, Google, Doutores da Alegria, Fiat e dentre outros. Invista nas pequenas apostas”. Tenha como foco ler os vários projetos que se intitulam pequenos.

A compra de negócios bilionários não garante o sucesso pelos valores investidos. Temos inúmeros exemplos desta natureza, que vão desde a compra do Youtube até a aquisição de uma startup minúscula chamada “Android” pelo Google. O vetor é fazer riqueza, ganhar mercado e explodir em seus vários segmentos com a licença e o luxo do pequeno risco.

Naturalmente, que as aquisições grandiosas também dão certo. Entretanto, o risco de 2+3 pode ser igual a -1. Este resultado é possível, rápido e desastroso. Você pode estar se perguntando: para o que serve esta conversa toda?

Aprecio fazer correlações com profissionais e empresas. Com este jeito de ser, despretensioso e responsável com a identidade profissional, ou melhor, com a marca profissional de cada um. Nada de Pedro Augusto Ferreira da Ambev ou de Marisa dos Santos da Vale. Esclareço que estes são dados fictícios.

Ser uma startup, no sentido simbólico, é uma grande sacada e talvez a melhor escolha para progredir. Digo isso, porque essa experiência pode proporcionar uma visão ao mesmo tempo panorâmica e detalhada – a floresta e a árvore –, ou seja, o conhecimento do projeto e de suas facetas.

É preciso entender que a inovação – principal matéria-prima de pequenas e hoje de grandes startups – é uma equação de tentativa e erro. Bem distante do que nos foi ensinado há pouco tempo.

Para esclarecer algumas possíveis indagações ou controvérsias é preciso compreender como o profissional “T” ou híbrido se manifesta. Simples, como tudo é. Vamos entender e não complicar.

Os “multitarefas” passaram a ser conhecidos como profissionais híbridos ou profissionais T. O seu valor de mercado baseado em suas competências multifacetadas e formação sólida e com inteireza, o torna pronto para encarar e ensinar como lidar com a “briga de gigantes”. Sendo uma tendência marcante no mercado comprador, este tipo de profissional consegue crescer de forma exponencial. A sua visão é bem mais global, o que acaba contribuindo para o crescimento e desenvolvimento de negócios e conexões entre áreas e pessoas. Efetivamente, ele está sempre preparado para sugerir e assumir riscos, responsabilidades, soluções ou caminhos experimentais.

Percebo que a inovação é realmente uma equação de acerto e erro. Ao buscarmos algo, podemos certamente encontrar algo mais. Este profissional será encarado, por algum tempo, como o mais novo super-homem humanizado.

É perceptível que daqui a pouco, outros perfis serão “os privilegiados” e caçados com uma lente de alto grau. Agora mais do que nunca, não existe espaço para a “síndrome do sucesso” e para o poder instalado neste redemoinho veloz e transformador.

Veja bem e atente-se! Iniciativa, curiosidade e experimentações sustentadas pelo conhecimento e autoconhecimento, serão a base do novo profissional.
Menos ego por favor! Tais habilidades não são ensinadas em faculdades, cursos tradicionais ou de curta duração. O foco é a iniciativa! É preciso curiosidade e energia para se envolver em outros setores, patamares hierárquicos e funções. O chamado híbrido, não deve ter medo de saber mais, de ser mais e de ter ao mesmo tempo, uma visão global e minuciosa.

Segundo o psicólogo cognitivo e educacional, Howard Gardner, a disciplina, ética, respeito, síntese e a criatividade compõem as “Cinco Mentes para o Futuro”. No entanto, não podemos negar que a iniciativa, curiosidade, colaboração e as experimentações sustentadas pelo conhecimento e autoconhecimento, também podem integrar a base do profissional T. Este que ainda possui a capacidade intrínseca de decidir e transitar em mercados que se movem em alta velocidade rumo a inovação.

Apenas uma nota ilustrativa: O cristal reflete cores múltiplas, que são determinadas pela luz. Cores variadas e multifacetadas, que o torna um todo. Me arrisco a fazer uma comparação com o chamado profissional híbrido ou “profissional T”, pois o mesmo também pode exercer diversas funções e possuir várias especialidades. 

*Headhunter e CEO da Upside Executive Search

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