Caminhos e descaminhos da pandemia

20/11/2020 às 18:49.
Atualizado em 27/10/2021 às 05:06

Enquanto parte da população se perde em discussões políticas ou conversas de boteco (cheios) sobre eficácia, segurança e obrigatoriedade ou não da vacina contra o novo coronavírus, a indústria farmacêutica acelera pesquisas e a pressão para colocar suas descobertas no mercado o quanto antes.

A norte-americana Pfizer afirmou, nesta sexta-feira, que planeja pedir aos órgãos reguladores de saúde dos Estados Unidos a aprovação para uso emergencial da vacina desenvolvida em parceria com a BioNTech. 

Para que o imunizante chegue à população, o FDA, agência estadunidense que fiscaliza e aprova alimentos e medicamentos, deverá constatar se o produto desenvolvido em poucos meses oferece resultados satisfatórios e se é realmente um antídoto para o mal que ceifa vidas mundo adentro.
E ainda há outras questões no caminho até uma imunização em massa. Na quinta-feira vimos desembarcar no Brasil o primeiro lote de 120 mil doses da vacina chinesa da discórdia produzida em parceria com o Instituto Butantan.

Para quem já pensou em procurar uma fila para entrar, vale lembrar que o produto ainda não tem autorização para ser aplicado no Brasil e está na 3ª fase de testes, que analisa a eficácia após aplicação em milhares de voluntários. Ou seja, falta trilhar caminhos para ter, posteriormente, o OK da Anvisa.

Além da discussão política entre governos em torno dessa e outras vacinas que ainda não são realidade, tem-se a disputa comercial. Ou, quem sabe, justa reivindicação por acesso universal à imunização, dada a pandemia sem precedentes?

Países como Índia e África do Sul reivindicam à Organização Mundial do Comércio a quebra de patentes das vacinas e de quaisquer outros produtos relacionados ao coronavírus. Países ricos e o Brasil (importante fazer essa separação) não aceitam. 

Como resultado, a propriedade intelectual fica como grande obstáculo para o acesso de bilhões de pessoas à vacina. Como a discussão envolve dinheiro, muito dinheiro, dificilmente haverá acordo para democratização do bem. E o mundo segue envenenado, em muitos sentidos.
 

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