O censo do setor agropecuário referente ao período de 2006 a 2017, divulgado ontem pelo IBGE, traz revelações importantes sobre o segmento, especialmente em Minas Gerais.
Os números e estatísticas mostram, de um lado, muitos avanços em atividades econômicas consideradas fundamentais e as quais o Estado está historicamente vocacionado a desempenhar.
Por outro, não faltam motivos para preocupações, como é o caso do levantamento sobre estabelecimentos mineiros que utilizam agrotóxicos. A quantidade deles teria aumentado 60% ao longo dos 11 anos da pesquisa, número bem superior ao registrado no Brasil (20%).
Não que o uso de defensivos seja condenável a priori ou em qualquer situação. Afinal, por mais que a palavra de ordem da atualidade seja defender a agricultura orgânica e sustentável, evitando-se a utilização de substâncias que possam ser nocivas ao ser humano e à natureza, sabe-se que esses produtos são indispensáveis, em alguns casos.
Servem, por exemplo, para garantir aumento da produtividade no campo, o que é sinônimo de maior oferta de alimentos para milhões de pessoas.
O que preocupa é saber que tipos de agrotóxicos estão sendo usados e como estão sendo aplicados nas lavouras. O que se espera, nesse aspecto, é que haja orientação técnica permanente aos produtores, para que sejam criteriosos e evitem a contaminação de trabalhadores, durante a aplicação dos defensivos, e o envio de comida envenenada às nossas mesas.
Outra questão que merece reflexão é o grande número de crianças, menores de 14 anos, ainda ocupadas em atividades agrícolas no Estado. Minas tem, atualmente, 45 mil trabalhadores mirins no campo, ou 2,5% do universo dos seus trabalhadores rurais (1,8 milhão).
Embora elas sejam metade do que eram há 11 anos, pesquisadores informam que a quantidade de crianças segue significativa, sendo que quase 90% delas integram a agricultura familiar. A pesquisa não verificou, no entanto, se esses pequenos lavradores dividem as atividades com o estudo e as brincadeiras ou se são explorados em tempo integral por familiares mais velhos – o que jamais deveria ocorrer.