Hortas para a saúde da cidade

01/06/2018 às 22:08.
Atualizado em 03/11/2021 às 03:23

  A iniciativa do grupo de moradores do bairro Lagoinha, na região Noroeste de Belo Horizonte, de cultivar uma horta comunitária em um terreno público ocioso mostra o quanto a criatividade e o envolvimento da população podem colaborar para uma vida mais feliz e humanizada nas metrópoles.  O cinza de um terreno que sobrou às margens da avenida Antônio Carlos, em função das obras de duplicação, agora cede lugar ao colorido de canteiros com flores, hortaliças, verduras, temperos e ervas medicinais. A ação solidária e voluntária do grupo de moradores – os “Hortelões da Lagoinha” – serve como exemplo de resgate de cidadania nas grandes cidades, onde na maioria das vezes a cultura de cruzar os braços e esperar que o poder público tenha ideias e as coloque em prática permanece. Além de melhorar a paisagem urbana, a horta pode colaborar para aumentar a segurança na região, uma vez que o terreno, antes vazio e abandonado, servia como refúgio de usuários de drogas e prática de violência. A iniciativa vai se refletir também na saúde dos moradores. Produtos sem agrotóxico poderão ir direto para a mesa dos vizinhos da horta. Ações como essas vêm se espalhando Brasil afora. Em algumas cidades, como Maringá, no Paraná, uma horta comunitária em terreno público envolve 430 famílias, beneficiando direta e indiretamente mais de 2 mil pessoas. Os espaços cumprem também um papel social. Há relatos de idosos, desempregados ou aposentados que encontraram nos cuidados com a horta uma ocupação. Antes deprimidos, muitos passaram a se sentir melhor ao se dedicar ao cultivo das plantas. No caso do terreno da Lagoinha, na capital mineira, a proposta ajuda a resgatar um pouco da “delicadeza” do bairro. Fundado pelos primeiros italianos que ajudaram a construir Belo Horizonte, e conhecido no passado pela boemia, o bairro sofre hoje com a violência e o abandono.  O poder público, do outro lado, deve também colaborar e estimular ações que nasçam da população. Afinal, são os moradores que, longe dos gabinetes, sabem e convivem com os problemas e as necessidades do município. Que outros hortelões surjam pelas avenidas de BH.  

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