É preciso passar o país a limpo

19/05/2017 às 15:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:37

Nunca me enganei sobre Temer ou Aécio, como não me iludo em relação a Lula, Renan ou Pimentel. O que choca nos últimos episódios da Lava Jato é menos a corrupção exposta e mais propriamente a desfaçatez de quem continua operando os grandes “esquemas” mesmo com todas as denúncias e delações já feitas.

Ver um presidente, um senador ou um deputado negociando propinas como quem conversa sobre futebol é vergonhoso e deprimente – mas é também educativo, ao reforçar que a limpeza está ainda no começo e toda uma geração de políticos tem de ser expurgada do ambiente público. Um tapa na cara, como gosto de dizer, de quem paga por isso – o cidadão comum, pagador de impostos.

Esse choque tem de servir para lembrar que a operação Lava Jato alcança todos os velhos partidos e oligarquias políticas, não por coincidência ou perseguição, mas porque se entregaram ao atalho fácil e lucrativo da corrupção.

Com alguma frequência me perguntam por que continuo advogando e dando aulas, mesmo depois de ser eleito, e repito: política não é profissão. Quem vive de política acaba achando normal criar e usar benefícios pagos pelo contribuinte e negociar interesses públicos para vantagens pessoais ou manutenção de poder. Políticos precisam ser movidos pelo desejo de fazer mais e não pelo desejo de manutenção dos esquemas e dos privilégios.
Esse é um dos motivos que reforça meu orgulho de ter me filiado ao NOVO, um partido fundado por não-políticos, que não usa dinheiro público, não admite conchavos, submete seus candidatos a processos seletivos e vai ajudar a mudar o Brasil. Meus votos, em 2016, foram os votos dos que não admitem que as coisas continuem no estado em que estão. E a minha eleição é a primeira de várias que virão, de pessoas comuns que resolveram ocupar o espaço deixado aberto por esse tipo de gente que vinha sendo eleita. Como gosto de dizer, repetindo minha avó: casa a gente limpa é por dentro.

Não me engano: a velha política continua por aí e vai insistir em tentar se vender como novidade, como indignada. Basta ver o falso tom de arrependimento da carta da JBS, na mesma linha do que disse a Odebrecht. Os mesmos carregadores de malas de dinheiro, flagrados em áudio e vídeo rifando os interesses do país, que querem parecer vítimas ou perseguidos pela imprensa. Que sejam perseguidos, até o último deles. Que sejam denunciados, condenados e expulsos – para sempre – do ambiente político brasileiro.

Vai doer, vai retardar a recuperação econômica, mas é hora de passar o Brasil a limpo, sem recuos.

Ao final, tudo passado e revirado, o Brasil terá outra chance. Não há milagres, mas sempre há saídas para quem está disposto a fazer o que é certo.

  

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