A primeira advogada

08/03/2017 às 21:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 13:40

Olá amiga e amigo Advogado, tudo bem?

Em comemoração ao Dia Internacional Da Mulher, a coluna de hoje relembra mais uma vez a história da brilhante Myrthes Gomes de Campos, a primeira mulher a exercer a advocacia no país.

Myrthes nasceu no ano de 1875 em Macaé, no estado do Rio de Janeiro, e desde muito nova demonstrou interesse pelas leis. Ainda jovem, mudou-se para a capital onde concluiu o bacharelado em Direito, em 1898. Ocorre que, devido ao preconceito da época, apenas em 1906 conseguiu legitimar-se como advogada, quando ingressou no quadro de sócios do Instituto dos Advogados do Brasil, condição essencial para o exercício da profissão.

No ano seguinte, Myrthes teve a oportunidade de atuar como defensora no Tribunal do Júri. Pela primeira vez no Brasil a voz de uma mulher foi ouvida como patrona de uma causa. Tal fato, bastante inusitado para a época, gerou alvoroço e foi amplamente noticiado pela imprensa.

A sua presença no Tribunal era sempre um grande acontecimento, reunia curiosos e provocava debates calorosos sobre os papéis desempenhados pela mulher na sociedade.

Myrthes foi uma profunda estudiosa do Direito. Além de colunista fixa no Jornal do Commercio, assinou inúmeros artigos na imprensa especializada e publicou importantes obras no campo da jurisprudência.

Enfrentou preconceitos, lutou pelo voto feminino e tratou de  vários temas ainda hoje polêmicos, como aborto, divórcio, emancipação, liberdade e direitos da mulher. Não se sabe ao certo maiores detalhes da história de vida de Myrthes. Sabe-se que após a sua aposentadoria ela faleceu no ano de 1965, no Rio de Janeiro.

Hoje podemos verificar uma crescente presença feminina na advocacia e em outras carreiras jurídicas, o que nunca teria sido possível sem a atuação de mulheres como Myrthes. Muito já se evoluiu, porém estou certo de que é preciso evoluir mais. Enquanto mulheres forem desrespeitadas nas ruas, violentadas, oprimidas, assediadas e diminuídas, moral ou fisicamente, a luta não pode parar. Para não dizer que em grande parte das vezes a violência acontece dentro de casa. E, para piorar, essa violência também acontece de maneira sutil, por meio da objetificação da mulher amplamente difundida em nossa cultura.

Eu sou homem, branco, de classe média, estudei nas melhores escolas e universidade. Eu não sinto na pele a dor de muitas minorias ou maiorias oprimidas. Porém, carrego a culpa e a certeza de que muitas vezes fui machista e preconceituoso ao longo de minha vida, e ainda sou. Para que possamos evoluir é preciso assumirmos os nosso erros e, principalmente, começarmos a agir de maneira diferente. Homens e mulheres, advogados e advogadas, é chegada a hora de consertarmos erros históricos e de fato oferecermos igualdade para os desiguais. As mulheres exercem papel fundamental nessa luta e estou certo de que experimentaremos verdadeiras mudanças quando elas assumirem de vez o lugar dos homens em setores predominantemente masculinos.

Abraços e até a próxima!

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