Cara ou Coroa

05/10/2017 às 19:08.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:05
 (Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/Divulgação / N/A

  

Ao final do jogo contra o Londrina, eu pensei imediatamente em Portland. Em 1845, Asa Lovejoy e Francis Pettygrove decidiram na moedinha quem daria nome à nova cidade localizada em Oregon, na fronteira dos Estados Unidos com o Canadá.

Não sei se deu cara ou coroa – aliás, nos States, eles dão o nome de “heads or tails”, algo como cabeça ou rabo. Só sei que Pettygrove teve mais sorte e batizou de Portland a cidade dos alambiques e dos carros movido à eletricidade.

Quando vi pela TV o Victor, nosso homem da sorte, perdendo as duas disputas de moedinhas, justamente para o goleiro rival, o desfecho da partida já estava desenhado para mim. César defendeu duas penalidades, aquelas cobradas por Clayton e Rafael Moura.

Victor foi ao outro extremo, tendo o azar de a bola bater nele, subir e entrar e, em outra penalidade, de passar por baixo do corpo dele. Não por acaso, lembrei do goleiro Carlos, na Copa do Mundo de 1986, realizada no México.

Naquele fatídico jogo contra a França, na decisão por pênaltis, pelas quartas-de-final, Beloni chutou na trave, a bola voltou nas costas de Carlos e entrou para gol. Por sinal, o goleiro brasileiro também vestia um uniforme cinza, mesma cor adotada por Victor.

O Wikipedia, sempre solícito, me informa que o “cara ou coroa” surgiu na Roma Antiga, com o nome “navia aut caput” (cara ou navio). De um lado, a moeda exibia o rosto do deus Janus. Do outro, o desenho de uma embarcação rústica.

Janus era representativo das mudanças, dos recomeços. E era exatamente de um novo início que o Atlético precisava para mudar a sua sorte em 2017, após as eliminações da Copa do Brasil e da Copa Libertadores e beirar a zona de rebaixamento no Brasileiro.

Infelizmente, deu “navia”, uma barca pronta para zarpar no final do ano. A verdade é que o Atlético não deu mais liga após a primeira fase da Libertadores. Alguma coisa se quebrou lá dentro, como aqueles ursinhos de pelúcia que param de falar.

A gente só escuta o barulhinho, de algo solto, mas nunca conseguimos abrir para ver. É melhor jogar fora. Parece ser esse o destino do Galo, após três técnicos (Roger Machado, Rogério Micale e Oswaldo Oliveira) tentarem repará-lo e fazê-lo criar vida novamente.

Em 1975, papai me refresca a memória, a Seleção Brasileira também perdeu no “cara ou coroa” para o Peru, durante a Copa América. Como terminaram empatados em todos critérios, a moedinha definiu quem iria para a final diante da Colômbia.

Na quarta-feira, o Atlético parecia brincar de outro jogo: cabra-cega. Os alvinegros me davam a impressão de estarem com os olhos vendados, sem acertar um passe ou chute a gol. Ou então a amarelinha, não conseguindo pegar a pedra e chegar ao céu.

No Estádio do Café, faltou à equipe de Oswaldo entrar mais ligada, mais pilhada. Faltou concentração, tanto no sentido abstrato, de estar disputando um título, quanto no literal, já que o Londrina entrava fácil na área atleticana. Pelo visto, o café deles foi reforçado.

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