Elias, o Profeta

16/05/2017 às 10:31.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:34

BRUNO CANTINI/ATLÉTICO/DIVULGAÇÃO / N/A

 Empate nunca é bom, ainda mais contra um rival histórico, mesmo sendo no campo dele e diante de 50 mil torcedores. Mas um gol aos 13 minutos, num dia 13, mexe com o imaginário do ser atleticano, aquele mesmo que, em 2013, libertou-se de anos de frustrações e urucubacas com a sensação muito próxima a de um escravo que acabou de receber a notícia da Lei Áurea, saindo da senzala para ganhar identidade própria. Para quem, como eu, passou a acreditar que o impossível é possível, que placares adversos são como parede de papelão, facilmente jogados ao chão, e que o tempo exíguo de uma partida pode ser dilatado, com cada jogador tornando-se Chronos, o deus do tempo imortal na mitologia grega, um começo de campeonato no dia 13 nos enche de grandes expectativas, ainda mais sendo 2017 o ano do Galo. A bola rondou, rondou o gol flamenguista, mas caprichosamente, como se esperasse o relógio marcar 13 minutos do segundo tempo, só entrou quando o ponteiro exibia esse número mágico. E se, na Bíblia, Elias foi um profeta, sendo usado por Deus para realizar milagres, não há nada que nos faça acreditar o contrário: há um grande título pintando por aí. Resta saber se é o Campeonato Brasileiro ou a Copa Libertadores. Eu particularmente prefiro o torneio continental, até porque tudo começou num dia 13 (de fevereiro, data do meu aniversário). Há quatro anos. Além disso, continuando na história de Elias, o profeta, Deus promoveu três anos de seca antes de enviar seu emissário para se encontrar com o rei Acabe. 2014, 2015, 2016... Seca que tem tudo para acabar agora, com o reforço de Elias, o jogador, no time atleticano. Elias foi arrebatado aos céus num carro de fogo. Para quem esteve presente na final do Mineiro, o volante não só foi recebido num grande corredor de fogo, feito pelos torcedores quando o ônibus chegou ao Independência, como viu o paraíso, marcando o gol do título. Uma semana depois, ele se torna novamente decisivo, ungido pelo técnico Roger Machado, que finamente mudou o esquema tático do Galo. O gol aconteceu no dia 13 de maio. Por se tratar do 133º dia do ano, é considerado pelas ordens secretas, esotéricas, filosóficas e místicas como sendo uma proporção áurea do ano, diz-me o Wikipedia. Fui pesquisar mais a fundo e descobri que ele se refere ao Salmos 133, à parte que ressalta a importância da união, capaz de destruir qualquer obstáculo. E o que mais se fala no Atlético é o fato de o grupo ter se “fechado” para vencer. Foi também num dia 13 de maio de 1830 que o Equador conquistou a sua independência. Para o atleticano feliz com seu clube, Equador quer dizer Cazares, jogador que vem sendo vital nas últimas partidas. Não seria de estranhar ele aparecer entre os 11 titulares na noite de hoje, quando o Galo buscará a liderança do grupo contra o Godoy Cruz, fechando sua participação na primeira fase no Independência. 13 de maio também foi o dia em que Nossa Senhora, cuja imagem estampava a camiseta de Cuca na final da Libertadores, apareceu para três pastorinhos na cidade de Fátima, em Portugal, em 1917. Ou seja, há exatamente 100 anos. Ela continuou a aparecer, sempre no dia 13, até outubro daquele ano. Para quem ainda não viu um 13 no jogo de hoje, basta lembrar que esse é o número de pontos que o Galo encerrará a frase de grupos.

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