Entrando no Clima

29/11/2018 às 17:24.
Atualizado em 28/10/2021 às 02:27
 (BRUNO CANTINI/ATLÉTICO/DIVULGAÇÃO)

(BRUNO CANTINI/ATLÉTICO/DIVULGAÇÃO)

BRUNO CANTINI/ATLÉTICO/DIVULGAÇÃO / N/A

  A impressão é que estamos no olho do furacão. Basta ler o noticiário. E quando tentamos fugir dele, a tormenta surge de onde se menos espera. No Atlético, se não terminamos o ano “no olho” do furacão, numa das piores temporadas do Galo nesta década, estamos, por assim dizer, “de olho” nele. Torcemos para o Flamengo, vejam só, vencer o Atlético Paranaense. No ano passado, nossa torcida não valeu de nada e o time da Gávea perdeu a final da Sul-Americana para o Independiente, da Argentina. Mais: pegamos o Botafogo na última rodada com a obrigação de ganhar, justamente a nossa maior “pedra no sapato”. Como em 2017, corremos ainda o risco de vivenciar um suspense por duas semanas, com a decisão da Sul-Americana se tornando a nossa tábua de salvação. E, vejam só (de novo), tendo que torcer para um time, o Furacão, que estávamos secando dias atrás. Só mesmo o futebol para nos pregar uma dessas. Assim, vamos do mais puro pecado ao desejo de perdão e reparação. Não me assustaria se baixassem um decreto proibindo o futebol no Brasil, devido a esse sentimento inconstante, poligâmico, selvagem e acrobático (qualquer coisa relacionada ao futebol tem vocação para “Kama Sutra”). É amor prostituto, diria. Você vai com as outras sem qualquer cerimônia, em troca de um resultado que lhe deixará feliz até o próximo campeonato – para tudo começar outra vez. No universo da bola, você tem que torcer apenas para um time, mas é permitido que se deite nos braços daqueles que nos fazem um pouco de bem. Podem me acusar de machista, mas é fato que, ao falarem em furacão, mais do que um evento atmosférico, vou me lembrar daquela chacrete, a Vera Furacão. Ela mesma, descobri após ver um documentário, teve um caso com Sílvio Santos, ainda que o Velho Guerreiro proibisse esse tipo de aventura por suas funcionárias. A Fátima Boaviagem também foi para as bandas do Clube do Bolinha. Se ocorreram mais destas “puladas de cerca”, não sei. Só sei que gostava de todas, pela aerodinâmica e também pela criatividade dos apelidos – Sueli Pingo de Ouro, Gracinha Copacabana, Beth Boné, Índia Potira, Sarita Catatau e Sandra Pérola Negra. É minha filha que me faz voltar à realidade, perguntando a diferença entre furacão e tornado, de tanto que o Breno fala em Furacão. Tive que ir ao Google para saber. Descobri que a diferença está no poder de destruição, no tamanho e na duração. Tornado faz o estilo rapidinho, mas a velocidade é maior, chegando a 500km/h. O Furacão destrói mais devido ao conjunto da obra, pois pode durar dias e dias. E, por ser muito grande, não dá para percebê-lo a olho nu, diferentemente do tornado. Amanhã será possível perceber o estrago que o Atlético-PR fez no Galo, não passando de um vento forte ou se do tamanho de um Katrina. Se ainda estivesse vivo, o escritor Roberto Drummond – da galeria dos grandes torcedores atleticanos da história – talvez achasse mais apropriado trocar a palavra vento por furacão: “Se houver uma camisa branca e preta pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o FURACÃO”.  Independentemente da proporção dos ventos, o Atlético não deixará de terminar o ano na maior secura dos últimos anos, sem nenhum título para chamar de seu (nem mesmo o Mineiro). A tempestade, no nosso caso, é de areia, que afetou a visibilidade dos dirigentes e dos jogadores na temporada.

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