Mais precisão dos profetas

17/08/2018 às 13:08.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:58
 (Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/Divulgação / N/A

  Não deixa de ser engraçado ouvir o recém-contratado Nathan, perto de entrar em campo pela terceira vez (a segunda como titular), dizer que “coisas boas estão por vir”. Para quem não sabe, Natan (sem h) foi um profeta bíblico. Como católico não praticante, quase o mesmo que um ateu envergonhado, e fã de História, essas relações com o passado me encantam, especialmente quando aplicadas ao futebol – uma de nossas provações mais fortes, tenho que admitir. Provação testa a nossa fé e, segundo os teólogos, nos ajuda a crescer. E não há provação maior que o Galo nos tem feito agora, mudando meio time passados oito meses apenas. O ano de 2018 nos parece estar em looping, sempre começando... Tem jogador que, para mim, é uma aparição, uma entidade. Leandrinho existe? Denílson existe? Edinho existe? Quando vejo o press release do Galo e aqueles nomes ligados à equipe, sinto que temos um ataque fantasma. Ainda bem que o pastor Ricardo Oliveira, em matéria de gols e idade, tem sido um fenômeno. Por mais que cheguem jogadores – e acaba de vir mais um, o zagueiro uruguaio Martín Rea ¬– ele continua firme lá na frente, um Viagra preto e branco. Nesse cruzamento ecumênico que virou o Atlético, há o pastor num extremo e o santo no outro. Fábio Santos, como o sobrenome já aponta, formaria essa Santíssima Trindade, passando incólume pelos altos e baixos da temporada. Cazares volta a campo como titular, diante do Botafogo? Dúvida que virou um mantra, repetida à exaustão. Acreditar num futebol com 100% de dedicação por parte do equatoriano é, para muitos, um dos maiores mistérios da fé atleticana. Emerson ou Patric? Gabriel ou Maidana? Luan ou Tomás Andrade (em relação ao argentino, estou igual Tomé, só vendo para crer)? Interrogações que vão se acumulando e, muito provavelmente, chegaremos a dezembro sem saber o time do Atlético. Boto os olhos no banco de reservas do confronto com o Vasco, pela primeira rodada do Brasileiro, e só vejo coisas que nos assombraram por aqui, como Samuel Xavier, Arouca, Yago, Felipe Santana, Alerrandro e Kevin. Todos eles já exorcizados. É um entra-e-sai que oferece ao Galo uma rodagem como há muito não se via. Daqui a pouco vêm os garotos que querem se iniciar neste amor atleticano, como Edinho e Leandrinho, púberes e virgens no sagrado desejo de vestir a camisa alvinegra. Tantos movimentos de expectativa e decepção (misericórdia ao chefe do Departamento Pessoal) que, biblicamente, só nos fazem apegar à fala de Nathan, o profeta. A única coisa boa que pode vir, nesta altura dos acontecimentos, é o título do Brasileiro. Em se tratando de profeta, aliás, já estamos abastecidos. Elias chegou para pôr fim à seca, como seu homônimo das Escrituras. Talvez não saiba com precisão quando acontecerá, assim como Nathan. O próximo profeta poderia, pelo menos, dizer o ano, para nos poupar tempo. 

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