Quem demite, os males espanta?

31/10/2018 às 21:06.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:33
 (Bruno Cantini/Altético/Divulgação)

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Bruno Cantini/Altético/Divulgação / N/A

 Até hoje não guardei o número do celular da minha mãe e, vez ou outra, me perco no estacionamento do shopping em busca da localização do meu carro. Já pus a caixa da lasanha congelada no microondas, jogando a massa que serviria de jantar na lixeira da cozinha. Justamente por isso, não posso reclamar de Levir Culpi desconhecer, uma semana após chegar ao Atlético, os nomes de todos os jogadores. Em seu jeito brincalhão, é uma forma de o treinador dizer que ainda não tem a solução mágica para os males alvinegros. Enquanto o alvinegro praiano sobe como um cometa na tabela de classificação do Campeonato Brasileiro, empatando em pontos com o Galo, os mineiros acharam que também poderiam faltar aos compromissos de campanha, ganhando a vaga na Libertadores por inércia. Não sei qual será a palavrinha que fará um clic na cabeça dos jogadores, mas Levir sempre teve suas cartas na manga, como abrir mão da concentração em véspera de jogo, um dos aprendizados na passagem pelo Oriente e aplicado no Galo de 2014 e 2015. Há bons exemplos em outras partes do mundo. Um deles na Alemanha. O Leipzig, no momento do pontapé para o início da partida contra o Stuttgart 2, posicionou oito jogadores para se mandarem para o ataque, num surpreendente esquema 2-0-8. Por incrível que pareça, deu certo. Aos sete segundos, o Leipzig abriu o placar, voltando depois para a formação mais conservadora. No Atlético, em jogada semelhante, Léo Silva já saiu da zaga para fazer o papel de pivô e pegar os adversários com as calças na mão. Na Copa do Mundo de 2014, Louis van Gaal sacou o goleiro titular, durante as cobranças de penalidades contra a Costa Rica, e pôs o segundo reserva da posição na seleção da Holanda. O substituto defendeu duas cobranças, talvez mais pela estranheza da situação provocada nos batedores. Gattuso, à frente do Milan, deu a cara a bater. Literalmente. Após vitória difícil sobre a Lazio no Campeonato Italiano, ele pediu para cada jogador lhe plantar a mão no pé da orelha. “Fiz para deixá-los felizes”, explicou o técnico, que deve ser fã do livro sadomasoquista “50 Tons de Cinza”. O remédio talvez já tenha sido tomado no Galo, ao dispensar o Gallo. Sem querer julgar o trabalho do diretor de futebol, a última demissão que ocorreu após bate-boca com um repórter de rádio fez o time mudar a chave rapidamente.  Em fevereiro, Oswaldo de Oliveira pegou o boné depois que se desentendeu com o repórter Léo Gomide, na Arena da Floresta, no Acre. Com a entrada de Thiago Larghi, o time melhorou e, antes da interrupção para a Copa do Mundo, era o terceiro colocado no Brasileiro, com Róger Guedes como artilheiro. Oito meses depois, a mesma situação: Gallo, cobrado pela torcida pelo mau desempenho do Atlético, tira satisfação com o jornalista Roberto Abras, que afirmou que alguém mais no clube estava escalando o time além de Larghi. No dia seguinte à derrota para o Ceará, no Castelão, ele recebe, enfim, o cartão vermelho. Se tiver o mesmo efeito do primeiro semestre, podemos esperar um Atlético mais aguerrido do que nunca a partir do confronto com o Grêmio, no sábado. Afinal, entre uma Arena da Floresta e um Castelão, só falta o Príncipe Encantado para nos salvar.

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