Somos tão Jovens

11/10/2018 às 18:57.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:55
 (BRUNO CANTINI/ATLÉTICO/DIVULGAÇÃO)

(BRUNO CANTINI/ATLÉTICO/DIVULGAÇÃO)

BRUNO CANTINI/ATLÉTICO/DIVULGAÇÃO / N/A

 Lembro do diretor Oswaldo me chamando a atenção após mais um recreio em que minha turma puxava um grito que se espalhava pelo colégio inteiro. Ele achava que eu era um dos culpados, por fazer um jornalzinho satírico e crítico que circulava em todas as salas. Nunca conseguiu provar nada, apesar de eu ser um dos partícipes da algazarra, mas sempre começava um sermão com “Ô jovem!”. Ser jovem, no caso, era sinônimo de rebeldia e imprevisibilidade, dois ingredientes que caracterizam o Atlético nesta temporada. A rebeldia de Róger Guedes marcou o primeiro semestre, com o atacante saindo da condição de problemático, prestes a ser devolvido ao Palmeiras, a ídolo e artilheiro do Campeonato Brasileiro em pouquíssimo tempo. Tudo muito rápido, como foi a sua permanência na equipe. A imprevisibilidade agora, em que o Atlético alterna bons e maus momentos na competição, não é a mesma de 2017. No ano passado, a impressão era de um time pouco unido (como relatos recentes apontam) e nada ambicioso. Atualmente, com jogadores abaixo dos 23 anos, a oscilação tem relação com a idade. Numa mudança de planos, bem arriscada, é preciso dizer, o Galo apostou em jovens de potencial, ainda em formação. No Atlético de 2017, havia uma equipe em piloto automático, que acreditava que só a experiência ganhava jogo. No Atlético de 2018, existe o claro desejo de ultrapassar os carros que estão à frente, mas a “máquina”, por mais que se pise no acelerador, ainda não corresponde como deveria, saindo do ponto da curva às vezes ou, uma manobra mais arrojada, batendo em um ou outro adversário. Para usar um verbo adotado pelo diretor de futebol Gallo, estão plantando imaginando que, nesta terra, tudo dá. Não foi bem assim, pelo menos por enquanto. A fase de colheita parece ainda longe para determinados jogadores. Outros já afloraram, mas ainda têm muito a crescer, como o zagueiro Maidana, o lateral-direito Emerson, o volante Zé Welison, enquanto mudas foram jogadas fora sem esperar o ano terminar. Minha esposa adora comprar mudas para plantar no terreirinho lá de casa. Ela me fez ir a várias casas especializadas atrás de uma tal Fruta-do-Milagre, que nada mais é do que uma fruta para comer fruta. Explico: ingerindo a polpa dela, você pode mastigar um limão que não sentirá a acidez. O “milagre” se deve a uma proteína chamada miraculina, que inibe o gosto adstringente. É justamente essa muda que gostaria de ver no Galo. Para um prato sempre indigesto que é um campeonato, especialmente o Brasileiro, quanto mais tempo permanecer o sabor doce, melhor. Adversários sempre encardidos, com o azedume que lhes é próprio, seriam facilmente adocicados por estes pequenos milagres de cor avermelhada, engolidos em uma bocada só. Não sei se o Atlético tem um candidato à Fruta-do-Milagre, mas da amarga sensação de rebaixamento, pelo menos, já ficamos livres. A esta altura, doce mesmo seria a garantia de entrar na Copa Libertadores pela porta da frente, entre os quatro primeiros colocados. Já pensar num título nacional... haja milagre!

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por