Vitória nas mãos dele

11/06/2017 às 10:37.
Atualizado em 15/11/2021 às 09:01
 (Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

(Bruno Cantini/Atlético/Divulgação)

Bruno Cantini/Atlético/Divulgação / N/A

  

Victor x Vitória daqui a pouco. Grande nome das duas últimas partidas do Atlético, com defesa de pênalti e bolas difíceis, diante de Palmeiras e Avaí, o goleiro terá que fazer novamente prevalecer o que está em sua certidão de batismo, comandando um time exausto e desfalcado depois de tantas batalhas. Victor, em latim, quer dizer justamente vitória.

 A partida será diante de um Vitória que não teve, até agora, nenhuma vitória. Com um setor defensivo tão modificado no Galo, não dá para esperar outra coisa que não uma dessas guerras encardidas, até porque o Vitória já foi Victoria em suas origens. A inclusão do “c” faz toda a diferença e não por questões de gênero ou coisa que o valha.

 Muito utilizado por papas e santos, o nome Victor está relacionado com Jesus Cristo, por conta de sua vitória sobre o pecado e a morte. Era chamado de Christus Victor. De fato, as tentações têm sido muitas para o Atlético. Ficou sem Gabriel, seu anjo defensor. Sem Fábio Santos na lateral-esquerda, o único santo de fato, com dia de devoção, é Victor.

 A canonização de Victor foi em 2013, após sua perna esquerda mandar para longe a bola de Riscos, num pênalti marcado aos 47 minutos do segundo tempo. A máxima “vicentina” diz que o pênalti é tão importante que deveria ser batido pelo presidente do clube. Acho que o mesmo vale para o goleiro que fica cara a cara com o batedor.

 Nesse sentido, Victor já tem seu lugar garantido na “diretoria”, como diria Zeca Pagodinho. Não sei se é o goleiro que mais defendeu pênaltis na história do Galo, mas João Leite – o “arqueiro de Deus” - foi o mais longevo, com 684 jogos, entre 1976 e 1989. Kafunga, que também tinha Leite no nome (Olavo Leite Bastos) não ficou muito atrás, sendo titular por 19 temporadas.

 No time alvinegro desde 2012, Victor certamente defendeu os pênaltis mais importantes. Os da Copa Libertadores de 2013, contra o Tijuana de Riascos, Newell's Old Boys e Olimpia, e os da Copa do Brasil do ano passado, diante de um indigesto Juventude. Em comum também, o fato de o Atlético ter chegado à final nas duas competições.

 A defesa do pênalti contra o Palmeiras, domingo passado, me remeteu imediatamente a mais importante delas, contra o Tijuana, por ter sido de perna. Dessa vez, com a direita. Na verdade, é mais uma das incríveis coincidências com o ano de 2013, que leva um atleticano supersticioso como eu a acreditar no bicampeonato da Libertadores.

 As competições podem ser diferentes, mas se lembrarmos da data da inesquecível defesa do pênalti cobrado por Riascos, que fez com que vários torcedores estejam até hoje pagando as demoradas parcelas da promessa realizada naquela noite, a diferença não é maior do que cinco dias. O que ficou marcado como Dia de São Victor aconteceu em 30 de maio.

 Distância de algumas horas que pode ser justificada pela mudança na posição das estrelas no céu. Quando era criança, acreditava que planetas ocupavam um lugar fixo lá em cima. Foi meu professor Pádua quem me explicou que a luz que chega até aqui viajou tanto no tempo/espaço que a fonte que a originou não existe mais no momento em que avistamos.

 O brilho da conquista de quatro anos atrás parece refletir fortemente agora, até mesmo nas ausências. Principalmente se lembrarmos que Morais, meia reserva de Ronaldinho, tinha a camisa 22 e foi um dos três nomes substituídos na lista de jogadores para as oitavas-de-final. Assim como acontecerá agora com Carlos Eduardo, 22 nas costas e já fora do clube.

 O meia quase nada produziu no Galo, mas poderemos ser eternamente gratos a ele, em caso de nova conquista. Mesmo um tropeço para o Botafogo, próximo adversário na Copa do Brasil, não será estranho, tendo em vista que o alvinegro de Minas também não conseguiu pelos cariocas em 2013. Se for para ser um filme repetido, que seja com todos os elementos de tensão e glória.

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