Aristoteles Atheniense*
Conhecido o resultado do segundo turno, sobreveio dissidência no bloco da oposição, com o PDT, PSB e PCdoB afastando-se do PT, por não lhe reconhecer a hegemonia que vinha alimentando.
Conforme sustentou o deputado André Figueiredo (CE), líder do PDT na Câmara dos Deputados, não havia condições de conviver com o grupo petista devido ao seu comportamento autoritário, não existindo agora a afinidade ideológica que concorreu para a aliança prestes a ser desfeita.
Ante a vitória de Jair Bolsonaro, os petistas passaram a afirmar que o resultado obtido decorrera de um processo “eivado de vícios e fraudes”. Foi renovado o mesmo refrão adotado quando do impeachment de Dilma Rousseff e da prisão de Lula.
O PT, ao invés de preparar-se para o pleito em 2022, reformulando seu método de ação, desfechou logo uma campanha de descrédito ao presidente eleito, como se a sua consagração nas urnas houvesse resultado de manipulações levadas a efeito pelos partidos que o apoiaram.
Esta posição foi logo repelida pelos vencedores, enfatizando que Fernando Haddad não passava de um ventríloquo que repetia as instruções de seu mentor Lula.
Confirmada e aceita a indicação de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, ingressou com ação no CNJ para impedir a posse do juiz federal, contando com o apoio de parlamentares e de uma associação de magistrados paulistas, vinculados ao lulismo.
Segundo Gleisi, Moro fora convidado pelo vice-presidente, Hamilton Mourão, para integrar o governo de Bolsonaro com a campanha ainda em curso. Assim, quando o juiz autorizou a divulgação da delação do ex-ministro Antonio Pallocci, visava garantir a sua participação nos quadros ministeriais do candidato vitorioso.
Além dessa baboseira, o PT afirmou ser intenção de Moro barrar a candidatura de Lula, como se a sua detenção houvesse sido decretada pelo magistrado e não pelo Tribunal Federal que referendou a sentença, inclusive elevando a pena fixada.
Na promoção formulada, o PT pleiteou que a Corregedoria do CNJ impeça que Moro assuma qualquer cargo público até que o órgão conclua a investigação relativa aos “fatos e evidências” de sua atuação parcial, ficando ainda sujeito às penalidades consequentes de seu desempenho comprometedor.
Diante desses fatos, forçoso é reconhecer que o PT agora está sozinho em sua pregação demolidora, enquanto que os seus dirigentes, na propagação destemida de seu inconformismo, ultrapassaram os limites da razão.
(*)Advogado e conselheiro Nato da OAB e diretor do IAB.