A chuva, o trovão e um sequestro

26/11/2018 às 20:54.
Atualizado em 28/10/2021 às 02:23

Mauro Condé*

Acabo de voltar de uma viagem rumo ao conhecimento, usando como meio de transporte excelentes livros sobre mitologia. Eles me levaram para a Noruega de 1991, onde fui recebido pelo filósofo e escritor Jostein Gaarder. Fui logo pedindo para ele: 

_ Ensina-me algo que eu ainda não saiba e tenha o poder de mudar a minha vida para melhor.

Ele então me deu uma aula em forma de história sobre mitologia e me explicou como ela influenciou o posterior surgimento da filosofia.Disse que na antiguidade as explicações para os mistérios da vida eram dadas através dos mitos (narrativas criadas para responder perguntas difíceis pela visão dos deuses imaginários, criados com essa finalidade).

Descreveu o mito de Tor, considerado deus da fertilidade da terra e guardião da harmonia do mundo que, segundo a mitologia, cruzava os céus numa carruagem puxada por dois bodes empunhando um poderoso martelo que provocava o trovão, o relâmpago e a chuva.

Um dia, imaginários inimigos da região, conhecidos como Trolls, sequestraram o martelo de Tor enquanto ele cochilava, com a maldosa intenção de dominar o mundo e exigiram que, em troca pelo martelo, os vikings (noruegueses que acreditavam no deus Tor) entregassem Froya, a deusa da fertilidade para que ela pudesse se casar com Trim, o líder dos Trolls, fato que impediria o crescimento nos campos e a possibilidade das mulheres terem mais filhos.

Tor, além de trazer a chuva, era considerado o grande defensor do mundo contra as forças do mal através do uso do poder do martelo que só funcionava com ele. Foi quando Loke, o ajudante de Tor, bolou um contra-ataque, fazendo com que Tor e ele se disfarçassem de mulher e fossem entregues para Trim, no lugar de Froya e sua dama de honra.

Assim eles conseguiram se infiltrar na fortaleza dos Trolls e exigiram a devolução do martelo para Froya antes que Trim pudesse chegar perto das falsas mulheres, como parte do trato para o casamento. Logo que Tor colocou a mão no martelo, desmanchou seu disfarce e soltou uma forte e sonora gargalhada e matou Trim e todos os inimigos do reino.

Dessa forma o mundo era visto e explicado pelas lentes da mitologia até quem em 600 a.C nasceu a filosofia com o propósito de criar uma maneira completamente nova de pensar o mundo e seus mistérios, de forma mais lógica, palpável e convincente.

(*)Palestrante, consultor e fundador 
do Blog do Maluco
 

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