A cirurgia plástica e o bullying

02/05/2017 às 17:35.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:22

Roger Vieira*

O cenário é bastante conhecido: na escola, a criança é vítima de outros colegas por não se encaixar em determinados padrões de estética e comportamento. Com isso, começa a criar reações de defesa, que muitas vezes podem se desenvolver em complicações psicológicas mais graves, prejudicando seu convívio social.

Esse tipo de atitude parece atravessar, de forma mais ou menos intensa, a vida de praticamente todos os estudantes, uma vez que a realidade de violência verbal e física entre crianças e adolescentes é algo provavelmente tão antigo quanto a própria noção de escola. Casos de bullying merecem atenção especial, pois, para muitos jovens, representa um risco ao bem estar físico e emocional. Inclusive, a participação em jogos, como o Baleia Azul, pode ter origem na baixa autoestima, em um caso de bullying na escola ou em desentendimentos familiares.

No ramo da cirurgia plástica, é muito comum que o bullying esteja associado a certas condições do corpo, como as chamadas “orelhas-de-abano”, presença destacada de mama masculina, seios muito grandes e obesidade. Jovens com tais características frequentemente sofrem chacotas, humilhações e agressões dos colegas, prejudicando sua autoestima. As consequências disso vão desde a queda no desempenho escolar até o desenvolvimento, em situações mais extremas, de um quadro grave de depressão.

Nesse sentido, a cirurgia plástica age corrigindo ou melhorando a condição insatisfatória, tendo em vista o bem estar físico e social do paciente. Sua ação está relacionada a fins estéticos, mas também contribui com outras dimensões da saúde, especialmente no que tange à relação de aceitação do indivíduo consigo mesmo. Em diversos casos a operação traz também benefícios funcionais, que ajudam o paciente a realizar melhor as atividades do dia a dia. Um exemplo são as mamoplastias redutoras, que eliminam o desconforto dos seios muito grandes, dores nas costas e ombros, irritações dermatológicas na região, entre outros fatores.

Por outro lado, é importante reconhecer que a cirurgia plástica sozinha não é capaz de simplesmente “eliminar” o bullying da vida de uma pessoa. Em muitos casos, é necessário também um acompanhamento de outros médicos e profissionais para que o paciente volte a se sentir bem consigo mesmo e diante dos outros.

(*) Membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por