Aristoteles Atheniense*
Assim que veio à tona a tragédia que vitimou o ministro Teori Zavascki, sobrevieram as manifestações de apoio aos nomes que poderiam substituí-lo no STF. Desde logo, ficou patente o interesse de alguns políticos em fazer valer o seu prestígio junto ao presidente Temer, mesmo que os recomendados não desfrutassem das mesmas qualidades do magistrado falecido.
Nesta corrida desenfreada percebe-se o reflexo que a nomeação terá no curso da Lava Jato. O escolhido deverá ser sabatinado no Senado, inclusive por parlamentares envolvidos na mais expressiva investigação sobre a corrupção de que se tem notícia em todo o mundo.
Recentemente, até uma comitiva compareceu ao Planalto para entregar ao presidente lista de nomes de sua preferência. Outras entidades já opuseram vetos a pretendentes da vaga de Zavascki, reportando-se às posições anteriormente assumidas em relação a temas controvertidos na jurisprudência do STF.
A Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) promoveu uma consulta interna para a elaboração de lista tríplice de magistrados em condições de suceder Teori, arguindo o fato de este ter sido presidente do TRF da 4ª Região.
O frei David Santos, da ONG Educafro, reportando-se ao princípio da isonomia constitucional, anunciou seu propósito de levar a Temer o nome de dez afrodescendentes igualmente aptos à sucessão do ministro.<TB><TB>Os movimentos de rua como “Eu te amo, meu Brasil”, “Endireita Pernambuco”, “Rede de Direita Nacional”, defendem que na escolha haja “imparcialidade cristalina”, imune ao “câncer da corrupção” e “à chaga da impunidade”.
O senador Renan Calheiros abona dois nomes de sua preferência, inobstante os 11 procedimentos criminais a que responde na Corte Suprema.
Levando-se em conta algumas indicações já feitas e os interesses de seus padrinhos, chega-se à conclusão de que o ato presidencial que importará no provimento da vacância de Teori Zavascki converteu-se num despudorado certame, cujo desfecho é imprevisível.
Certo que terá como vencedor quem possa atender às conveniências governamentais, mesmo não desfrutando dos atributos que engrandeceram a figura do honrado ministro que deveria reverenciar.
(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB , diretor do IAB e do Iamg e presidente da AMLJ