A internet e a polarização política

09/10/2018 às 23:21.
Atualizado em 10/11/2021 às 02:53

Aroldo Rodrigues*

As eleições deste ano quebraram paradigmas, e olha que ainda não terminamos o último capítulo. As métricas para uma campanha majoritária de sucesso se alteraram significativamente na corrida eleitoral. Foi a eleição das redes sociais, mas os candidatos não apostaram fichas nisso.

Do valor total gasto nas campanhas (para todos os cargos), somente 1,7% se destinaram ao impulsionamento de publicações online. Ao meu ver, a consolidação das campanhas das redes sociais, representa uma nova forma de fazer política. As coligações com incontáveis partidos sem conexão de pensamento ou ideológico, somente para ter segundos preciosos de televisão, começam a não fazer mais sentido. Que o diga o candidato Geraldo Alkimin (PSDB).

Alkimin sentiu na pele essa mudança. Com o respaldo de um partido tradicional como o PSDB, com o maior tempo de televisão entre os presidenciáveis, dinheiro e estrutura para fazer campanha, obteve um desempenho vergonhoso. A internet também é responsável pela tão falada e criticada polarização. Os poderosos algoritmos de interesse das redes sociais identificam a tendência do posicionamento político e sugerem conteúdos que confirmam as teses e crenças do usuário, deixando ainda mais inclinado aquela linha de pensamento. 

Independentemente da causa, não enxergo a polarização política como algo ruim ou que vá contra a democracia. Lembrando que polarização não significa ter um pensamento binário não reflexivo, tampouco sugerir a escolha de um vilão e um mocinho. Enxergo a polarização como uma convergência de linhas de pensamentos. O caminho da diluição dos partidos sem ideologia – e existindo por existir  só colabora para a manutenção da forma predatória de fazer alianças e políticas de governo. 

A polarização, por sua vez, exige maturidade política. Entender que um indivíduo com pensamento divergente não é adversário, muito menos inimigo. O problema está aí, maturidade e consciência política de fato. Que venha um segundo turno histórico, com tudo de bom e ruim que a polarização traz. 

(*) Economista, pós-graduado em consultoria empresarial, palestrante e professor universitário

 

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