A limpeza necessária

25/10/2018 às 20:58.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:26

Celso Tracco*

O primeiro turno das eleições de 2018 teve perdedores: um deles foi a pesquisa eleitoral, os institutos erraram feio. Não creio que os resultados das pesquisas sejam manipulados, mas acredito que as técnicas estão ultrapassadas e não refletem o real sentimento do eleitor. O segundo perdedor foi a grande imprensa, dita, especializada em política. Ela não é mais formadora de opinião, pois afirmou que a renovação do Congresso seria mínima, sequer deu espaço para os partidos “nanicos” ou desconhecidos, cujos candidatos se elegeram em grande número; promoveu debates que tiveram repercussão perto de zero; e em alguns casos, como já acontecia no passado, agiu com parcialidade. 

As mídias sociais, ainda que timidamente, estão exercendo papel cada dia mais relevante na opinião pública. O terceiro grande perdedor foi o anacrônico, ineficiente e corrupto sistema político brasileiro. Os grandes partidos, e seus caciques, fizeram de tudo para que a renovação dos candidatos fosse mínima, perderam e de goleada. 

Os vencedores foram aqueles que perceberam que a sociedade brasileira anseia por transformação, dentro do Estado de Direito e do respeito às leis vigentes. A população está cansada de seu dia-a-dia inseguro com mais de 60 mil assassinatos por ano, outras 50 mil mortes no trânsito, em estradas e cidades abandonadas pelo poder público; de um sistema de saúde precário e desumano; está cansada em saber que mais de 50% dos domicílios não têm tratamento de esgoto; de ser transportada em ônibus e trens lotados; de levar filhos para escolas públicas onde professores estão desmotivados e mal pagos; de conviver com altíssimas taxas de desemprego e de promessas vãs; de ver seu dinheiro ir para privilégios, faraônicas aposentadorias do setor público, gastos infindáveis com mordomias e corrupção, sem retorno para quem quer levar uma vida digna, trabalhar e criar a família em paz. Esta população não quer saber de ideologias extremistas, nem de direita nem de esquerda. Quer um país decente, digno, humano e solidário. Deu um primeiro basta, ainda que tímido, pois sabe que tem mais sujeira para ser removida. Que seu protagonismo continue crescendo, a limpeza apenas começou!

(*)Celso Luiz Tracco é economista e autor do livro “Às Margens do Ipiranga - a esperança em sobreviver numa sociedade desigual”
 

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