A mesma conduta censurável

18/11/2016 às 19:27.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:43

Aristoteles Atheniense*

Passada a fase de aclimatação com o poder, Lula não demorou a empreender tentativas em prol da criação de um órgão cuja missão seria de “selecionar as notícias que pudessem comprometer o seu governo”. Ante a repercussão negativa desse projeto, o seu primitivo entusiasmo diminuiu, passando a negar que estivesse cogitando da implantação de um novo “DIP” (Departamento de Imprensa e Propaganda), a exemplo do que Getúlio Vargas criara, visando assegurar a estabilidade do Estado Novo.

Na comemoração dos 35 anos do PT, o ex-presidente entremeou a história da legenda com críticas aos tucanos, à Polícia Federal e àqueles que “tentaram fraudar a vontade política da maioria, usando todos os seus recursos de comunicação para manipular, distorcer, falsear e até inventar episódios contra o nosso partido, nosso governo e a nossa candidata”.

Acrescentou, ainda, que seriam “os que tentaram impugnar a prestação de contas da nossa campanha”, de modo a “criar um ambiente de inconformismo com o resultado que se recusam a aceitar democraticamente”.

Usando do mesmo refrão, Donald Trump qualificou a mídia de “desonesta” e “trapaceira”. Nos comícios realizados, desmerecia os órgãos que prestigiavam Hillary Clynton, no que era acompanhado pelas vaias de seus apoiadores.

Nessas ocasiões, adiantou que, se eleito, não hesitaria em revogar a lei que pune as difamações públicas. Assim, “quando eles escrevem artigos propositadamente negativos, horríveis e falsos, poderemos processá-los e ganhar muito dinheiro”.

Tomado dessa obsessão, negou credenciamento ao jornal “Washington Post”, ameaçando a rede CNN e intimidando as repórteres Megyn Kelly, da Fox, e Katy Tur, da NBC. Esse atemorizamento atingiu, inclusive, uma representante da “Folha de SP”, que foi inquirida pela falange trumpista quanto à posição do veículo para o qual fazia a cobertura jornalística. 

A semelhança de comportamento entre Trump e Lula, na tentativa obstinada de impedir a difusão de fatos comprometedores, dá a dimensão exata do respeito que possam realmente ter pelo regime democrático.

(*) Advogado e Conselheiro Nato da OAB, Diretor do IAB e do Iamg, e p residente da AMLJ 
 

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