A orfandade do turismo

25/06/2018 às 20:27.
Atualizado em 10/11/2021 às 00:59

Aristóteles Drummond 

As entidades financeiras federais, especialmente BNDES e Caixa Econômica Federal, abriram uma série de linhas de financiamentos para a hotelaria nacional em função da Copa 2014 e, no Rio, também pelas Olimpíadas. Ocorre que a expectativa de ocupação pós-eventos não se concretizou, pelo câmbio que faz do Brasil um destino caro e pela crise na segurança pública – nacional e não apenas carioca, é bom registrar. Assim, o formidável complexo hoteleiro criado enfrenta problemas para pagar o que deve e muitos estão sendo fechados ou transformados em habitação ou comércio. 

A crise passa, o Brasil continua um destino atraente pelo que oferece de acolhimento, clima, gastronomia e cultura. O cambio já está se ajustando à realidade. Nesta área, portanto, deveria haver uma revisão dos juros –- hoje, menores do que quando dos contratos –, acompanhada de uma moratória de 150 dias para se aguardar a próxima alta temporada que se inicia em dezembro. 

As concessões dos aeroportos melhoraram as instalações, mas frustraram os investidores. Alguns, como o Antonio Carlos Jobim, no Rio, trocaram de mãos; outros, como Viracopos, estão entregando depois de amargarem prejuízos. O antigo terminal do Rio está fechado. As lojas de free-shop têm um limite de compras inalterado há 30 anos . São erros acumulados, punindo um setor que gera empregos, movimenta a economia, atrai divisas. 

Nossa mão de obra tem sido aperfeiçoada, com destaque para o Senac, mas precisa avançar via bolsas em centros de referência na formação de pessoal para o mercado do turismo, como Suíça e Portugal. 
São essas coisas que desanimam os brasileiros que pensam o país amadurecido, realista, sem as travas da ignorância típica dos países atrasados em que reina a demagogia, o clientelismo e a burocracia de que vive uma verdadeira casta de privilegiados. Muitos sabem o que fazer e como fazer. Mas não fazem. Uma pena o abuso das promessas utópicas, da exploração da ingenuidade de um povo tão bom e tão enganado. Precisamos de ordem e de progresso, como está na bandeira nacional. É simples. 
*Jornalista e escritor
 

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