Por Adriane Pedrosa (*)
Não há dúvidas de que 2020 já é o ano mais difícil destas duas primeiras décadas do século XXI. É provável que só tenhamos a real dimensão do quão catastrófico ele está sendo quando olharmos para esses dias em retrospecto. Diariamente recebemos incontáveis notícias negativas. Risco de novas ondas de contaminação pelo coronavírus, agora a possibilidade reinfecção, além da grave recessão econômica global pairam no ar, contribuindo para o clima de pessimismo. Parece um clichê, mas mesmo diante de todas as incertezas, é preciso ter confiança. É fundamental, sobretudo atualmente.
Veja, por exemplo, o outro lado da moeda. Se temos um vírus cuja capacidade de letalidade é grande, em compensação, nunca o progresso científico foi tão intenso como hoje. O compartilhamento de informações entre cientistas de diferentes países ocorre em tempo recorde. Pesquisas por uma vacina estão em ritmo acelerado como nunca visto. Apesar de todas as calamidades, agora, mais do que nunca, temos que tentar centralizar nosso olhar para as coisas boas, que funcionam. Caso contrário sucumbiremos.
Essa postura mais otimista, inclusive, tem nome: psicologia positiva. Trata-se de um movimento científico recente, que começou no final da década de 1990, quando o psicólogo norte americano Martin Seligman, ao presidir a Associação Americana de Psicologia (APA), propôs uma abordagem terapêutica que desse destaque para o lado funcional do ser humano, suas forças e potencialidades. A Psicologia Positiva chegou para trazer um novo enfoque: dar luz ao que faz a vida valer a pena.
E ela é extremamente relevante, afinal enquanto nos preocupamos apenas em perguntar sobre o que vai mal ou o que não funciona, tendemos a procurar respostas para isso, que muitas vezes sequer são encontradas e só causam ainda mais questionamentos e frustrações. Por outro lado, ao optarmos pelo caminho oposto, ou seja, investigar o que vai bem, o olhar muda a direção. Com isso somos impulsionados a seguir pelo caminho da felicidade, fazer e mergulhar em coisas que dão certo em nossa vida.
Mas que fique bem claro: a Psicologia Positiva não desmerece, nem ignora a existência de problemas, dificuldades e transtornos. O objetivo dela, como já dito, é fazer com que foquemos no que funciona.
Quando você, mesmo repleto de problemas, não abre mão de parar, respirar fundo e apreciar o que existe de bom em sua vida, naturalmente ganha muito mais energia para lutar frente aos obstáculos. Sendo assim, deixo aqui a dica: por mais difícil que esteja 2020, podemos mudar os óculos que temos usado para enxergar o momento com outras lentes, mais compreensivas, leves, positivas e solidárias. A tempestade vai passar.
(*) Psicóloga do Cetus Oncologia