A ressocialização dos estudantes na volta à escola

24/08/2021 às 17:21.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:45

Samir Iásbeck*

Com o avanço da vacinação contra a Covid-19 no país e o crescente relaxamento das medidas de segurança e distanciamento, diversos comércios e outros negócios já estão ampliando seus horários de funcionamento e retomando os movimentos presenciais. E um dos muitos setores que está pouco a pouco voltando ao ritmo normal é o da educação, que recentemente anunciou o regresso do ensino presencial e a adoção do híbrido em várias instituições.

Esse retorno às escolas e salas de aula, ainda que essencial para a continuidade dos processos de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, traz muitos desafios sociais e pedagógicos. Isso porque, após mais de um ano no sistema de ensino à distância, eles e os professores estão tendo que “reaprender” a socializar e a se relacionar uns com os outros por outros meios que não apenas o virtual.

Se, no início da pandemia, as instituições tiveram que se reinventar para garantir que os conhecimentos continuassem chegando aos estudantes e houve uma dificuldade de adaptação ao EaD, agora, o obstáculo é se ajustar novamente ao ensino tradicional, integrá-lo ao aprendizado online e ainda interagir com muito mais frequência com os colegas e tutores que antes eram vistos apenas por intermédio de uma tela.

Mas existem diversas técnicas que podem ser adotadas para tornar essa mudança mais leve e fácil para todos. A crise sanitária intensificou uma relação que já vinha se fortalecendo progressivamente nos últimos anos entre as crianças e adolescentes com a tecnologia e a internet. E, nesse período, o ambiente digital serviu não apenas como plataforma de conhecimento e ligação com a vida escolar, mas também como uma das únicas fontes de lazer dos jovens.

Entre as atividades lúdicas disponibilizadas no mundo online, vimos os games servirem como um modo se divertir e ainda ficar em contato com novas pessoas, e vale destacar que esse movimento foi aderido até por aqueles que anteriormente não tinham o costume de se aventurar nesse universo.
De acordo com a 8ª edição da Pesquisa Game Brasil (PGB), 75,8% dos gamers brasileiros disseram que jogaram mais durante a pandemia. Outra pesquisa, realizada pela bandeira de cartões Visa, ainda mostra que houve um crescimento de 140% em 2020 nas transações financeiras feitas nas plataformas e consoles de jogos. Observando esses dados, é perceptível que os estudantes estão mais suscetíveis a consumir conteúdos que venham por esse canal.

E por que não aproveitar esse cenário e utilizá-lo para ajudar na ressocialização? A gamificação pode ser uma poderosa ferramenta para auxiliar na jornada de reconexão com outros colegas e professores – e ressalto que a aplicação de elementos de jogos em atividades educacionais não precisa ser feita necessariamente por meio de aparatos tecnológicos. Mesmo no ambiente escolar, presencialmente, os profissionais de educação podem, e devem, trazer esses recursos para o contexto das aulas.

Ainda que a crise sanitária tenha transformado a forma como nos relacionamos por um período mais longo do que qualquer um poderia esperar, nós, como seres humanos, temos como característica a rápida capacidade de adaptação a situações e cenários novos. Reaprender a conviver em sociedade terá seus desafios, mas, com disposição e empenho, chegaremos lá mais fortes do que antes.

*CEO e fundador do Qranio, plataforma mobile de aprendizagem com gamificação

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