Aristoteles Atheniense*
Com os poderes que lhe foram concedidos pela Carta de 1988, o Ministério Público Federal assumiu a posição de guardião da sociedade, não estando sequer limitado às regras da Constituição. Daí a arrogância de seu atual chefe, tangido por uma vaidade que desborda do razoável e, até mesmo, do bom senso.
Esse comportamento atingiu o auge a partir do acordo megacriminoso que beneficiou um amigo de Lula, mediante empréstimo alegórico obtido junto ao BNDES.
Em troca desse “compromisso”, o farsante saiu da delação como herói, e um dos delatados, o presidente da República, foi incriminado pela Procuradoria, cujo titular é declaradamente seu inimigo pessoal.
O prestígio de Rodrigo Janot aumentou, consideravelmente, no STF, a partir do momento em que as suas declarações passaram a rimar com as do ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato.
O seu denodado esforço em obter a prisão preventiva de Aécio Neves teve como suporte fotografia colhida, pela própria esposa do investigado, na visita que senadores tucanos fizeram ao colega, divulgada por Aécio no Facebook.
Janot cometeu o desplante de afirmar que a “plena liberdade da movimentação espacial e de acesso a pessoas e instituições” (como ficara visível na questionada foto), permitiria a Aécio “manter encontros indevidos em lugares inadequados”.
Não há notícia de qualquer pronunciamento de Janot questionando a candidatura de Lula em 2018, que, apesar dos cinco processos a que responde, permanece imune a qualquer repressão. Nem mesmo após Joesley Batista delatar que o grupo JBS mantinha contas na Suíça beneficiando Lula e a ex-presidente Dilma.
Incompreensível que esta situação conte com a aprovação do STF na homologação conferida à denúncia, na forma açodada como o relator Fachin procedeu antes de concluir a fase pericial.
A esta altura, já se afirmou que Rodrigo Janot foi atingido pelo ciúme decorrente da fama de eficiência e integridade que o juiz Sérgio Moro conquistou entre a população. Desde então, passou a disparar contra aqueles que lhe pareçam suspeitos, escolhendo previamente os alvos.
Não satisfeito com a coação imposta a Aécio Neves, volta-se agora contra o presidente Temer. O procurador “tem dito à equipe que esta tem de ser a melhor denúncia da vida, firme e objetiva, já que é contra um presidente em exercício” (O Estado de São Paulo, 25/6/17).
Com isto, comprovou que a sua ostentação tornou-se desmedida, sobrepondo-se ao cumprimento da lei em vigor.
(*) Advogado e conselheiro nato da OAB, diretor do IAB e do Iamg